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No primeiro amistoso de 2020, Palmeiras feminino dá sinais de como deve atuar

No primeiro amistoso de 2020, Palmeiras feminino dá sinais de como deve atuar

Por Leandro Iamim

Um primeiro amistoso, sem sequer camisa de jogo oficial, não é, nunca, parâmetro profundo. Mas nossa expectativa de ver contratações novas e como a equipe se porta com elas em campo é grande. Por esta razão o Palmeiras x Juventus deste sábado tem o seu valor, e o 7×0 conquistado vem junto de pontos positivos para além do placar.

Uma das curiosidades era, por exemplo, a Rosana. Experiente, campeã, pode cumprir várias funções táticas. Na partida desta manhã, atuou como atacante ao lado da também estreante Ottilia, função semelhante à exercida em 2019 na Ferroviária. Como sabe sair da área e abrir espaços, compensa a falta de velocidade com inteligência. Caiu mais pelo lado esquerdo e fez o famoso papel "invisível" mas importante a movimentação ofensiva.

Criar e abrir espaços para o setor de meio-campo penetrar neles é fundamental para esta equipe. Nos acostumamos, em 2019, por exemplo, a uma Carla Nunes presente dentro da área, vindo de trás. O entendimento entre os setores passa por esta movimentação, e o primeiro gol, logo no começo do jogo, em jogada pela direita, foi marcado justamente em uma infiltração deste tipo feito pela Carla Nunes. Ela entrou livre na pequena área para a finalização enquanto Isabela resolvia a jogada próxima da linha de fundo.

Este primeiro gol, aliás, é um retrato de algo que o Palmeiras manteve de 2019: uma lateral-direita agressiva e ofensiva. Isabela, que deu o passe para este gol, já está no radar da seleção jogando deste jeito, foi destaque ano passado e continua com liberdade para atacar bastante, hoje em movimentação sincronizada com Nicole, que preenche os espaços destes avanços laterais. No lado esquerdo o apoio da Vitória também é poderoso, e, com duas laterais dispostas assim, a manutenção constante da cobertura é um desafio. Este desafio, na movimentação de momento, às vezes se assemelha até a um formato com 3 zagueiras.

Alvo de expectativa especial, um dos nossos principais destaques no jogo foi Ary Borges, e ela, na função na qual atuou, tem tudo a ver com o sucesso do apoio das laterais. Ary participou bastante dos inícios das jogadas, um pouco mais recuada do que esperávamos, responsável por fazer a bola rodar. Sua aparição no ataque, no entanto, foi constante, sinal da pequena ameaça juventina, mas principalmente mérito de sua excelente leitura do jogo nos dois extremos. A tendência é que esta saída de bola se torne uma característica positiva do Palmeiras de 2020, que tem ainda Angelina por estrear e boa reposição no banco.

O segundo e terceiro gols saíram em escanteios (tome assistência da Isabela!), gols de Rosana e Ary, e a partir daí, ou após a pausa para a água, o jogo diminuiu de ritmo e ganhou contornos menos interessantes para fins de análise – o quarto gol TAMBÉM saiu após um escanteio, mas depois de um longo rebote. Antes do intervalo, Nicoly fez o quinto gol, em chute muito bonito, e este foi o placar do primeiro tempo. Deu para ver com mais clareza, neste período final sem pressão adversária, a boa saída de bola que a dupla de zaga Tais(capitã) e Agus(estreante, argentina), como já esperávamos, possui, e como várias vezes Nicoly e Ary Borges buscam a bola nos pés delas enquanto as laterais esperam abertas por um passe espetado.

O jogo acabou 7×0, sem ser preciso forçar muito. Carla Nunes, em quem o palmeirense deposita grande expectativa após o ótimo 2019 que teve, se converteu em destaque do jogo ao fazer 3 destes gols, e completaram o placar Vitória e Nicoly. Fez falta a participação maior da Ottilia, que atuou centralizada no ataque mas às vezes muito sozinha. Não foi acionada de um jeito que favorecesse seu futebol – ela oferece um pivô e tem condições de receber bolas em profundidade, mas esta conexão ainda não ficou visível. Destaque também para a estreia da goleira Vivi, livre de uma longa suspensão por doping. Sem muito o que destacar do segundo tempo, ficam estas sensações: a dupla de zaga é técnica e sabe iniciar jogadas, Ary Borges pega a bola muitas vezes lá de trás, as duas laterais tem fome e liberdade para atacar, Carla continua iluminada, a bola parada funcionou e a partida não ofereceu desafio importante para o setor defensivo.