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Nota humana

Nota humana

Não, não queremos mais visões oficialescas da nossa paixão. Não queremos mais notas que denotem que você justifica o injustificável sob o argumento segregador do dinheiro. O cabresto de pagar para não pagar. O resultado segue sendo o mesmo. Segue sendo rua. Segue sendo bar. Segue sendo rádio. Segue sendo longe de você.

No mesmo dia em que usa de termos rebuscados e contas esdrúxulas, frias, você posta a foto de uma criança na arquibancada da casa que por ser sua, deveria ser nossa, mas que todos sabemos que ela só esteve lá porque pagou. Porque o pai pôde ou foi sem poder mesmo. “Imagem que dispensa legenda”, você dizia. Imagem que custou uma centena de reais, nós, tristes, dizemos.

Escrevo-te essas bem traçadas linhas porque a gente não vai desistir um segundo de você. Hoje, estaremos de braços dados contigo, custe, e vai custar, o que for. Não nos chame de loucos, isso é coisa de quem ama. Devolva, além de ótimos negócios e atletas que sonhamos em ter, com um afago. Tem dias e dias. Tem preços a pagar. Tem o valor INESTIMÁVEL de possibilitar te ver de perto pra todo mundo.

A tua riqueza é teu torcedor.

Ele é rico. De amor. Ele é abastado. De dedicação. Ele é onipresente. Em sentimento. Ele é intenso. Até pela televisão. Ele sonha todos os dias pra que chegue o dia de te ver e muitas vezes passa uma vida sem ter essa chance. O sol nasceu, mas não brilha exatamente pra todos. Você pode fazer esse olhos brilharem, sim. Tá na sua mão. Tá no seu bolso tão poderoso.

Não nos reduza a comunicados. Notas. Notícias. Nada que seja tão distante. Não justifique contas e mais contas que contam uma história que causa só mais certeza de uma decepção anunciada. Não pense que isso é uma briga, um racha, uma divisão. É só soma. É desejo de mais. Mais sócios, mais torcedor dentro de campo, mais olhares pro torcedor satélite.

O Nordeste, o camponês, o negro, o amarelo, o verde da favela, o cabelo cacheado da Zona Sul. O engravatado da empresa, o vendedor de refrigerantes. O Sudeste. A China. O torcedor que não pode te consumir, mas te ama tanto. Não seja o herói que morreu de overdose de ganância. Esse povo só faz sofrer por ser louco, doente da cabeça e do coração por você.

Humanidade, Palmeiras.
Não se construa em preço.
Você existe por meio de valores.
Por amor.