Nunca critiquei. Jamais. Sempre achei que valia o investimento. Que não era caro pagar 6 milhões de dólares…
Mas tem coisas que só o futebol. E que só o São Paulo de hoje e destes anos pra levar o golaço que sofreu de Carlos Eduardo. Bela tabelinha com Dudu que originou o foguete que bateu no travessão no chão e em tudo que é lugar na vitória verde justa pelo segundo tempo em que Felipão fez o time jogar um pouco mais. Ou muito mais do que aquela troca de bola inerme e inerte que irritava quase tanto quanto o São Paulo de Leco. Presidente que teve o nome lembrado quando o caríssimo Everton Felipe foi a campo para tentar algo que o Tricolor só chegou na segunda etapa nos arremessos laterais de Reinaldo e depois Leo.
Mais nada. Na primeira etapa o time de Mancini ainda quis jogo. Anthony atento à direita, Gonzalo contando mais do que carneirinhos à esquerda, e criando o melhor lance da sonífera primeira parte, só parando na defesa espetacular de Weverton. Mas já com o jogo parado pela única boa jogada de Pablo. Uma bola na mão.
Nos pés, ainda que mais perigoso nos longos 45 iniciais, o São Paulo de novo teve pouco de Hernanes. Quase nada de aproximação de Hudson. Pouco de Luan. Não fosse Arboleda marcar e jogar por todos, pouco seria elogiável no primeiro tempo pobre e irritante pela limitação e falta de ousadia e confiança do São Paulo, e pela falta de interesse e intensidade do Palmeiras.
Na segunda etapa, Mancini manteve o 4-1-4-1. Mas pareceu 4-0-0-0. Pouco se fez. Muito se deixou jogar o Palmeiras mais atento. O que não era difícil. Com Borja enfim sacado no intervalo depois de irritar até Felipão pelas paredes descascadas e até por algo que parece descaso quando sai da área, Carlos Eduardo começou de centroavante. A linha Scarpa-Goulart-Dudu se manteve, embora longe do brilho usual. Mayke e Victor Luís foram bem e o Palmeiras enfim foi se acertando, Felipe Melo limpando a área na bola (e com faltas que mereciam o amarelo que não recebeu), e aproveitando certo nervosismo tricolor, e incerta apatia do São Paulo que não vence pelo Paulista um Choque-Rei desde 2009. E gol não faz desde 2012!
Quando Carlos Eduardo foi pra esquerda, Dudu centralizado e Goulart adiantado (mas trocando bastante de posição), o Palmeiras cresceu e chegou ao golaço aos 34. Tão inesperado que o repórter Marco Aurélio Souza flagrou a pilha do banco pro autor da proeza: “você errou o chute, né?”
Pode ser. O que não pode é o São Paulo seguir tão mal e até com risco de não se classificar. O que não pode é apesar da ótima vitória no Pacaembu com torcida única do São Paulo e contra Leco o Palmeiras ainda passar essa impressão de que sempre pode jogar mais. E muito mais do que não quis jogo na sofrível primeira etapa.
Agora são 108 vitórias palmeirenses e 108 tricolores. Contando o Choque-Rei desde a fundação do São Paulo em 1930.