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O exemplo de 2016 e o calculável 'Risco Felipe Melo'

Os jogadores Thiago Santos e Bruno Henrique (D), da SE Palmeiras, disputam bola com o jogador Nelson, do C Cerro Porteño, durante partida valida pelas oitavas de final (volta), da Copa Libertadores, na Arena Allianz Parque.
Os jogadores Thiago Santos e Bruno Henrique (D), da SE Palmeiras, disputam bola com o jogador Nelson, do C Cerro Porteño, durante partida valida pelas oitavas de final (volta), da Copa Libertadores, na Arena Allianz Parque.

Há jogos em que Felipe Melo deixa o gramado sem levar um cartão amarelo sequer pelo Palmeiras. Falando em números objetivos dessa temporada, o ‘Risco Felipe Melo’ calcula 50% de chance do volante não ter seu nome na súmula, já que Felipe recebeu 18 amarelos em 36 duelos disputados até agora. Quem disse que o camisa 30 não traz benefícios ao time está de má vontade, porém é preciso colocar na balança para ver se vale a aposta no estilo de jogo do atleta.

Diante do Cerro Porteño, a já característica força de vontade e agressividade (ainda que costumeiramente leal) da marcação de Felipe Melo gerou um cartão vermelho aos três minutos do 1º tempo em lance disputado ainda no campo de defesa da equipe paraguaia. O estilo de suas chegadas, desarmes e tentativas de roubadas de bola não lhe dão margem de erro. Tanto um atraso de segundo quanto um erro de cálculo na força de um chute podem resultar em expulsão, como aconteceu contra os paraguaios. Com isso, a noite que tinha tudo para ser tranquila para os palmeirenses ganhou ares de drama. Sorte de Felipão que o Palmeiras carregava do Paraguai uma vantagem vista apenas seis vezes nos últimos 120 confrontos de mata-mata da Libertadores na década. A pergunta que muitos se fizeram após o jogo era se haveria alternativa para não correr o ‘Risco Felipe Melo’ em outra oportunidade? A resposta está em 2016.

THIAGO SANTOS E SEU FUNCIONAMENTO NO TIME CAMPEÃO BRASILEIRO DE CUCA

O volante que atualmente ocupa o posto de reserva imediato de Felipe Melo foi importante jogador de Cuca na conquista do Brasileirão de 2016 pelo Palmeiras. Embora Cuca utilizasse como base o 4-3-3 e Felipão utilize o 4-2-3-1, há espaço para comparar o que fazia Thiago Santos naquele ano com o trabalho de Felipe Melo entre os titulares de 2018. Partindo desse princípio, não custa comparar o ‘Risco Thiago Santos’ com o ‘Risco Felipe Melo’:

Felipe Melo: 36 partidas em 2018 – 18 cartões amarelos e dois vermelhos em 2937 minutos em campo, ou seja, um cartão a cada 146 minutos no gramado.

Thiago Santos: 39 partidas em 2016 – 12 cartões amarelos e nenhum vermelho em 2384 minutos jogados, ou seja, um cartão a cada 199 minutos no gramado.

Em 2016, Cuca enxergava em Moisés e Tchê Tchê a intocável titularidade, sendo que o terceiro homem de meio-campo variava de acordo com o que ele enfrentaria. Quando entendia que seria atacado e pressionado, Thiago Santos era esse terceiro elemento de meio-campo, enquanto Cleiton Xavier ganhava a vaga quando Cuca imaginava que o adversário esperaria o Palmeiras em seu campo de defesa.

Nesse ano, os completos Moisés e Bruno Henrique parecem ser os favoritos do meio-campo de Felipão, já que eles estão entre os titulares e também aparecem em partidas pelo Brasileirão, nas quais o time alternativo atua. Thiago Santos pode aparecer como o terceiro homem de meio-campo quando a equipe será atacada, já que os outros dois meio-campistas têm qualidade de sobra para compensar a saída de bola, ponto falho de Thiago, e armar a equipe no campo de ataque. Em jogos nos quais vale se expor mais, Lucas Lima pode aparecer ao lado dos dois titulares de Felipão, já que Moisés e Bruno Henrique também são capacitados marcadores sem a bola.

Competente e com objetivos atingidos até agora, a comissão técnica de Luiz Felipe Scolari tem elenco repleto de opções. O treinador reconheceu isso na entrevista coletiva ao abordar o peso de uma ausência de Felipe Melo em qualquer jogo da temporada:

"Se não jogar ele, joga o Thiago. Se não jogar o Thiago, tem o Gabriel (Furtado) da base, tem o Jean também. Tem Bruno Henrique e Moisés! A gente vai misturando os jogadores e chegando nas competições que quer chegar".

E é a partir da conclusão de que ele confia no elenco que tem em mãos e minimiza a perda de Felipe Melo que a comissão técnica deve avaliar após o susto da noite de oitavas de final da Libertadores se vale correr o ‘Risco Felipe Melo’ na titularidade em jogos de mata-mata, onde o tempo de recuperação na competição dura no máximo dois jogos. É possível calcular o ‘Risco Felipe Melo’, mas não é possível calcular as consequências dele.