Se eu fosse jogador do Palmeiras, eu iria acabar todo jogo parecendo o Seu Boneco da Escolinha do Professor Raimundo. Todo torto, mal ajambrado, barrigudo – mais ou menos o que já sou, diga-se.
Mas só no visual eu não ficaria bonito na foto. Porque lá dentro a única certeza que teríamos eu e os milhões que estivéssemos lá é que nós deixaríamos tudo ali. O que temos e até o que não podemos. Vestindo a camisa e usando o gorro com a garra na grama e a gana que não tem grana que pague.
Como se fôssemos o camisa 10 que joga junto e pelos outros 10. E até de 1 já jogou contra o Flamengo.
Pode ser meia, volante, todocampista, o Alviverde inteiro. Pode fazer o gol e prefere dar pro imenso Bruno Henrique marcar o primeiro. Pode ser o único criador quando 8 estão lá atrás. Pode ser o 10 para aquietar o Colo-Colo e deitar a bola no solo para fazer melhor.
Pode ainda não ser o melhor jogador que foi no BR-16 campeão. Mas ele já se livrou das lesões que o impediram em 2017. Mas não de voltar fazendo gol e pênalti decisivo naquele jogo para esquecer contra o Barcelona. Mas sempre lembrar o que ele nos fez . Quando não tinha condição nem pra jogar direto e fez golaço. Não tinha nem pra chutar pênalti direito. Mas não fugiu. Assumiu a bronca. Comprou as brigas. Marcou a cobrança. E nunca fugiu dela.
Sabe que pode mais. E sempre tenta jogar ainda mais. Não por ele. Mas pelo time. Pela família. E pela linda filha que canta o hino e encanta quem se identifica com quem dá mesmo sangue e se doa como se fosse o que é. Um dos nossos. O 10 do nosso time.
Moises, pela Bíblia, é “o mais humilde”. No livro do Palmeiras é um dos exemplos para o time que precisa ser assim até o fim que ainda está longe. Mas está como Moisés. Cada vez mais perto de nós.