Desde que Felipão foi anunciado pelo Palmeiras, o treinador e sua comissão técnica tiveram de sanar várias dúvidas da imprensa, dos torcedores e dos adversários. Poucas de caráter técnico e muitas de caráter histórico. Quase ninguém queria saber se Felipão havia sido bem-sucedido na China e como conseguiu isso, enquanto muitos gostariam de saber se o rótulo de ultrapassado, colado pela maioria dos torcedores brasileiros quatro anos atrás sem qualquer revisão atual, o incomodava. As respostas para todas essas questões estão sendo dadas.
A nova comissão técnica não teve sequer uma semana cheia para treinar com todo o elenco, como muitas dizem – com razão – ser fundamental para mostrar qualquer ideia de trabalho diferente da utilizada pelo último treinador. Felipão, Turra e Pracidelli já comandaram a equipe em três competições diferentes, obtendo sucesso em todos os objetivos traçados. O Palmeiras está 100% dentro de casa, não perdeu jogando fora, se classificou para a semifinal da Copa do Brasil e só um improvável vexame histórico o tira da próxima fase da Copa Libertadores da América. Oito jogos comandando a equipe, 10 gols marcados e nenhum sofrido.
Muitos duvidavam da capacidade de Felipão mostrar algo diferente e reinventar o Palmeiras no meio da temporada. Ele conseguiu. Muitos gostariam de saber se Felipão poderia encerrar a irregularidade que gerava incerteza sobre a equipe a cada jogo. Ele conseguiu. Muitos duvidavam que Felipão pudesse recuperar atletas em meio ao momento decisivo que chegou e, por isso, assinou um contrato longo, já esquecendo esse ano e pensando nas próximas duas temporadas. Ele montou dois competentes times. Por fim, muitos duvidaram da força do trabalho de Felipão nos sete primeiros jogos da boa sequência e alegavam que a fragilidade seria exposta no jogo contra o encaixado, equilibrado e forte Internacional no Beira-Rio. O time alternativo de Felipão jogou de igual para igual em Porto Alegre e saiu com um ponto na bagagem.
Felipão e sua comissão técnica acumulam muitos méritos nessa sequência de resultados, recuperação de atletas e rápida confecção de dois times para o apertado calendário com três competições a disputar. E o mérito de um trabalho já com cara, corpo e alternativas fez com que uma resposta ainda não tenha sido respondida pelo Palmeiras até agora: Felipão planeja e enxerga seu time em campo quando estiver em desvantagem no placar de que forma? É claro que o torcedor palmeirense não quer matar essa curiosidade, mas é inegável que Felipão já encerrou as dúvidas sobre sua capacidade de treinar um grande clube no país. O importante é perceber que a próxima pergunta a ser respondida pelo trabalho de Felipão é técnica, de campo e bola, e nada tem a ver com rótulos, passado ou desconfiança.