O gol foi um parto. E, como tal, produziu uma beleza. Levou quatro meses para acontecer. A metáfora já não cabe mais. Não foi prematuro. Como ainda parece que fomos precipitados ou prematuros a receber (eu e meu filho também) com tamanho carinho para erguê-lo nos ombros quando chegou de Medellín.
Borja não é o que compramos. Não deverá se pagar. Mas por que não a partir de agora, e ao parir o belo gol contra a Ponte Preta, ele e nós também não viramos o jogo?
Você alguma vez já foi Borja na vida. Provável que não tenha sido o melhor de uma hora a outra, campeão em apenas quatro provas, objeto do desejo continental em apenas quatro meses. Possível que você tenha sido Borja ao decepcionar e se decepcionar. Ao tentar e não dar certo. Ao nem tentar e, portanto, errar. Ao dar de canela com a mesma facilidade com que dá de ombros. Ao parecer não estar lá dentro e nem aí.
Você já recebeu uma bola na frente, chapeou o rival e tocou de cabeça como não imaginava um dia que ainda pudesse. Possível que achasse mesmo que aquela bola bateria na trave e não entrasse. Mais um gol na conta perdida de gols perdidos.
Mas aí ela entrou. O time todo abraçou. O estádio que tem paciência infinita contigo te abraça.
É outro jogo. Tomara seja outro jogador. Ou aquele que compramos e não foi entregue. Não só por falta de entrega ou de entendimento.
Mas por tanta coisa que não se explica.
Borja, lá no fundo eu acredito. Em você e no time. E, se não der, que é o mais provável, já vale. O melhor da fé é acreditar por crer.
Vai, Borja. Vence quem se vence.