As águas de março adiaram para quinta-feira, dia 9 de março, 21h15, o primeiro Dérbi valendo título nacional, pela segunda rodada do Robertão-67. Como o Corinthians desde 1954 não ganhava um Paulista, ou mesmo foi vice em alguns anos, jamais disputou a Taça Brasil (duas vezes conquistada pelo Palmeiras). Esse foi o primeiro clássico valendo título além de São Paulo. Só poderia dar Palmeiras.
Os primeiros 20 minutos foram lá e cá no gramado pesado. Mas quando Ademir da Guia resolveu cadenciar o jogo, não teve jeito. Rivellino recuou para dar um pé a Nair no meio, mas era tarde. Zequinha deu pouco espaço ao craque alvinegro (mal usado na base do Palmeiras). Djalma Santos, recuperado da gripe, mais foi marcado pelo ponta Gilson Porto do que se preocupou com o rival.
O lado direito era fortíssimo com o ponta peruano Gallardo. Ele tanto atuava pela direita quanto pela esquerda, onde Rinaldo vivia mais uma grande fase, também recuando para ajudar no meio. Pela direita, Gallardo cortava por dentro, em diagonal, abrindo o corredor a Djalma e a César, que abria espaço para o ponta-de-lança Servílio se infiltrar. Tecnico, inteligente, forte é ótimo no cabeça, o filho de Servílio, ex-ídolo do próprio Corinthians, fazia mais uma grande partida contra o ex-clube do pai.
Aos 33, recebeu passe de Djalma Santos para emendar no ângulo esquerdo rival.
Aos 42, o artilheiro Flávio Minuano empatou, recebendo passe por elevação de Tales, na saída de Valdir.
No segundo tempo, o Corinthians tentou abafar e chegou a pressionar a meta palmeirense, principalmente pelo lado direito, onde Ferrari mais batia e Minuca não mantinha o excelente nível de Djalma Dias (pai de Djalminha). Ademir da Guia foi notável na contenção e, a partir dos 15, também foi o responsável para organizar a criação e dar velocidade ao ataque. Rivellino pregou e o Palmeiras dominou o Dérbi até desempatar, aos 34, com César, um dos maiores artilheiros do clássico. Ele ganhou de cabeça uma dividida com Galhardo, tocou para Servílio devolver de cabeça para o Maluco completar com o peito do pé.
Vitória justa do melhor no Dérbi. Ademir da Guia, mais uma vez, fez de tudo. Servílio, Djalma Santos e Djalma Dias mantiveram o nível. César e Rinaldo jogaram bem e para o time de Aymoré Moreira, treinador campeão mundial pelo Brasil em 1962, e goleiro palestrino nos anos 30. Ele venceu o clássico contra o irmão Zezé Moreira, treinador do Brasil na Copa de 1954.
O Palmeiras seguiu líder do grupo B, com quatro pontos em dois jogos. A vitória valia dois então. O Vasco seria o rival no domingo à tarde, de novo no Pacaembu que, por conta da chuva, não recebeu no Dérbi nem metade dos 70 mil lugares então disponíveis. Para ver um futuro campeão mundial como Rivellino. Um bicampeão mundial como Jair Marinho, reserva de Djalma Santos. Além de Zequinha, também campeão no Chile, em 1962.
No Robertão atuaram os tricampeões mundiais pelo Brasil, na Era de Ouro do nosso futebol.