O River joga e tem deixado jogar mais do que no vice da Libertadores de 2019, e do que nas campanhas campeãs de Gallardo em 2018 e 2015. Treinador que desde o meio de 2014 faz o melhor e mais longevo trabalho da América.
É o melhor entre os semifinalistas. Quem mais faz gols. Mais cria chances. Mas também mais oportunidades de gol tem cedido pelo modelo de jogo combinado à mordida pouco incisiva mais à frente, e às falhas individuais atrás. Junto com o Santos, o time mais vazado entre os semifinalistas.
Conheça o canal do Nosso Palestra no Youtube! Clique aqui.
Siga o Nosso Palestra no Twitter e no Instagram / Ouça o NPCast!
O River é um time mais “vencível” em Avellaneda e na semana que vem no Allianz Parque do que era quando se definiram os confrontos.
Mas segue favorito o maior campeão da década sul-americana. Contra Palmeiras, Boca ou Santos. E seria contra qualquer time da América em 2020 e começo de 2021.
Tecnicamente o time de Gallardo não é tão bom quanto o River (com Muñeco em campo) batido nas semifinais pelo Palmeiras campeão de 1999. Mas coletivamente é equipe mais ajustada. Menos desgastada na temporada que qualquer clube brasileiro que joga mais vezes – não necessariamente melhor. Vem, sim, de um duro Superclássico sábado à noite contra o Boca, na Bombonera. Um 2 a 2 que parecia derrota mesmo com um a mais até a virada em 3 minutos, e o duro empate no final quando já eram 10 x 10.
Ali se viu mais uma vez o que tem de melhor o time de Gallardo: contundência, objetividade, troca de passes, inversão de bola, dinâmica do meio pra frente, mexidas ousadas do treinador, variantes táticas, jogo de posse mas também vertical, acelerado, com ligações diretas.
E também o que tem de pior ou não tão eficiente o River: espaçamento entre as linhas defensivas, lenta recomposição defensiva, falhas individuais, problemas na bola aérea, um time vazável por correr riscos naturais para quem joga à frente, com a linha de zaga algumas vezes alta, e nem sempre bem protegida.
DEFESA
Hoje o River deve começar com Armani, bom e experiente goleiro, mas que já viveu dias melhores.
O lateral-direito Montiel foi o craque contra o Boca. Mesmo com o ótimo Villa do Boca o cercando por quase todo o campo. Se defensivamente dá espaços como no lance que originou o gol inicial do rival, na frente é ótimo. Quase sempre aberto, o que leva Suárez a atacar mais por dentro no 4-3-3 de Gallardo. Montiel é ótima saída millonaria ao ataque. Quem jogar aberto pela esquerda no Palmeiras (Scarpa, a melhor opção? Veron? Rony? Willian?) deve não só atacar as costas de Montiel. Terá que o acompanhar também quando se somar ao ataque – o que será o natural para um time que joga em casa e fora do mesmo ótimo jeito.
A dupla de zaga tem falhado demais. Pelo alto e por baixo. Rojas deve continuar sendo o zagueiro pela direita. Levou bronca de Gallardo por “não pegar o tornozelo” de Tévez no segundo gol do Boca. Como o seu provável companheiro Paulo Díaz, não é dos mais rápidos. Se ajuda a construir o ataque com passes longos, tem dificuldades naturais no mano a mano. Luiz Adriano será o cara para se aproveitar disso.
Opção de Muñeco Gallardo para o miolo de zaga seria Pinola, de excelente partida em Lima até os 88 minutos contra o Flamengo. Ele atuou de lateral-esquerda contra o Boca. Ficando mais para liberar Montiel do outro lado. Não parece ser o caso de o recolocar como zagueiro pela esquerda. Pinola luta com Casco (recuperando-se de lesão) pela titularidade na lateral-esquerda. Casco é melhor opção para jogar por ali. É do setor e apoia bem melhor em um jogo de construção ofensiva para o dono da casa. Mas não está 100%. E terá a marcar (e ser marcado) alguém de velocidade como Rony ou Veron.
MEIO
Enzo Pérez, experiente jogador de Copa do Mundo, começa jogando como volante central, ganhando o lugar que vinha sendo bem ocupado por Ponzio. Aporta mais inteligência, qualidade, técnica, passe mais apurado e inventivo. Ele inicia o jogo apoiado entre os dois zagueiros. O Boca colocou no sábado um jogador para o blindar e deu certo algumas vezes. Se o Palmeiras conseguir fazer mais vezes isso contra Montiel e Pérez, já começa muito bem. Veiga terá que ter um maior poder de combate e cerco para impedir essa saída de Pérez. Para que Luiz Adriano não afunde tanto nessa blindagem.
No 4-3-3 da banda roja, Zuculini tem atuado como meia pela direita, chegando na área alheia. Mas recuperado e entrando bem na segunda etapa contra os xeneizes, Nacho Fernández retorna desde o início. Técnico, inteligente, de grande capacidade de passe e movimentação, ele vai entrar pela meia esquerda. Desse modo, o ótimo De la Cruz vai para o lado direito. Mas, de fato, joga em todas. Aberto pela esquerda, como meia pelos dois lados, ele se mexe como joga: muito. Chegou a ser volante quando o Boca tinha um a menos no 2 a 2. É rápido, driblador, se associa com todos, e finaliza bem o irmão de Sánchez, do Santos. De um meio-campo que troca bola e troca de posição com imensa naturalidade.
ATAQUE
Suárez começa aberto pela direita. Mas quando Montiel se junta, ele corta por dentro. E muito bem. Bastante acionado pelos dois zagueiros e por Pérez, ganha em velocidade e intensidade. Faz um lado direito muito forte, ainda mais quando De la Cruz se aproxima.
O centroavante Borré também ajuda muito. Faz bem a parede, sabe sair da área, abrir pela direita para Sánchez cortar por dentro. Bom de cabeça, se ajusta fácil ao toque de bola do River.
Pela esquerda, outra ótima redescoberta millonaria: o colombiano Carrascal. Destro, hábil, tanto ágil quanto capaz de fazer as pausas necessárias, corta por dentro, quando não joga mesmo atrás de Suárez e Borré. Tem sido o mais desequilibrante homem de frente de Gallardo. A partir da esquerda ou como enganche.
A questão é como o cercar: Marcos Rocha tem muita experiência e é importante até nos laterais arremessados. Mas defensivamente tem problemas. Talvez Gabriel Menino seja melhor opção pela lateral. A questão é que sem Felipe Melo, e com Zé Rafael ainda distante da melhor forma, o meio pode ser vulnerável. Danilo merece ser titular. Talvez por isso Gabriel Menino fique mesmo como o outro volante do 4-2-3-1 de Abel.
O QUE SERÁ?
O River de 2020, em relação ao de 2019, faz mais gols e cria mais chances, mas fica menos com a bola e dribla menos que o da Libertadores passada.
Mas ainda está mais pronto que o Palmeiras de Abel. É o favorito. Mas não tanto como já foi.
LEIA MAIS
Campeão em 1999 pelo Palmeiras, Cléber vê ‘jogo da vida’ contra o River e diz: ‘Libertadores é a glória eterna’
Boletim: Palmeiras contrata meia, Veron treina e Borja de clube novo
Palmeiras contrata Rafa Andrade, ex-Ferroviária