(Foto: Cesar Greco / Divulgação / SE Palmeiras)
Gabriel, o Menino, nasceu em Morungaba, uma cidade muito pequena (apenas 13 mil habitantes) do interior de São Paulo. Este singelo município fica a 30 minutos de Campinas, um dos mais desenvolvidos polos do estado, e é onde fica a casa do Guarani, tradicional clube do futebol brasileiro.
O Guarani tem uma rede de franquias oficiais da sua Escola de Futebol chamada Projeto Bugrinho. Por um grande acaso do destino, há uma dessas franquias em Morungaba, que contempla categorias desde o sub-11 até o sub-14. Lá, Gabriel deu seus primeiros passos (ou passes) no futebol.
Gabriel Menino ao lado de sua mãe, Silvana, em novembro de 2013, comemorando um título pelo Projeto Bugrinho – Foto: Reprodução / Facebook
Como de praxe em escolinhas do interior, os jovens que mais se destacam são chamados para a sede principal do clube dono da franquia. Foi assim com Menino, que, com o passar dos anos, passou a disputar os principais torneios de base pelo Guarani. Aos 15 anos, foi titular da equipe durante todo o Paulistão sub-17. Não foi surpresa quando o interesse de um gigante como o Palmeiras surgiu.
O MENINO E O PALMEIRAS
No início de 2017, após duas tentativas fracassadas, o Alviverde da capital finalmente conseguiu contratar o garoto prodígio. Ele, que gostava daquela cor de camisa, integrou a base palmeirense e lá se aprimorou por três anos, até que, em 2020, Menino daria seu mais importante passo para virar Homem: foi promovido à equipe principal. Agora, estava cercado de estrelas como Dudu, Weverton, Ramires, Felipe Melo, Gustavo Gómez e Luiz Adriano.
Na primeira partida do ano, a estreia na Flórida Cup contra o Atlético Nacional-COL, após entrar no lugar de Patrick de Paula durante o intervalo, seu futebol surpreendeu a todos que ainda não o conheciam. Ali, muitos perceberam que um talento estava se revelando ao mundo.
Naquela mesma partida, houve disputa de pênaltis, Menino bateu, com personalidade, e converteu. Impressionou Luxa. Entrou como titular no jogo segunte, onde o Palmeiras venceu o New York City FC e foi campeão.
Com o título do torneio amistoso, ele iniciou a temporada oficial, contra o Ituano, nos 11 iniciais: goleada por 4×0. Na partida seguinte, novamente foi escalado pra iniciar a partida, um clássico contra o São Paulo. Apenas 19 anos.
A partida terminou num empate. A partir disso, Luxa começou a mexer no time e não parou mais. Menino perdeu a vaga no meio de campo, cujas escalações sempre se alternavam entre Zé Rafael, Ramires, Lucas Lima, Scarpa, Dudu…
Até que, por acaso, Marcos Rocha se lesionou contra a Ponte Preta, em fevereiro. Mayke entrou em seu lugar. No jogo seguinte, contra o Mirassol, o reserva também se contundiu e teve que deixar a partida no intervalo. Sem opções, Luxemburgo recorreu ao versátil Menino, que entrou e deu belíssima assistência de escanteio a Gustavo Gómez. Firmou-se na lateral-direita nos três jogos subsequentes, mas, após isso, o titular da posição voltou e Menino bancou.
Gabriel comemora assistência para Gustavo Gómez contra o Mirassol – Foto: Cesar Greco / SE Palmeiras
Depois, pandemia. Mais de quatro meses sem jogar. No retorno do futebol, Gabriel teve uma tarefa árdua: entrar no lugar de Mayke durante o segundo tempo, novamente na lateral-direita, num Dérbi, quando o lado verde perdia. Ele entrou e atuou com maestria. Deu outro ritmo ao time. Não foi suficiente, pois a equipe perdeu, mas o treinador reconheceu o esforço do garoto e elogiou muito sua atuação. 19 anos.
Leve crise na equipe: mais uma derrota em Dérbis. Luxa muda a escalação titular, de novo. Mais uma vez, agora contra o Água Santa, o Palmeiras não rende. Menino é, novamente, recorrido para entrar na segunda etapa. Só que agora, é escalado onde gosta de jogar: no meio. Mais uma vez, vai bem. O Palmeiras vence, avança em primeiro no grupo, mas não convence. Quem nunca deixou de convencer, no entanto, foi aquele Menino.
Nos mata-matas, após meses e mais meses, finalmente a escalação do meio de campo ideal foi encontrada. Como não poderia deixar de ser, Menino, enfim, se firmou como titular, ao lado do colega de base, Patrick de Paula, e do veterano de Copa do Mundo, Ramires. Menino foi parte crucial desse trio que atuou contra o Santo André, a Ponte Preta e o Corinthians. 19 anos.
DE GABRIEL MENINO PARA GABRIEL HOMEM:
Gabriel Menino, de 19 anos, foi titular na grande final do Paulistão 2020. Não apenas isso: enquanto esteve em campo, foi o melhor jogador da partida.
Contra o maior rival, sob uma extrema pressão, Menino chamou toda a responsabilidade da criação de jogadas para si. Correu, puxou contra-ataques, arriscou chutes e lançamentos. Sem que muitos entendessem, foi substituído no intervalo, mas foi um gigante enquanto esteve em campo.
O roteiro foi maluco, mas, tudo deu certo. No final da partida, Gabriel Menino se sagrou campeão no primeiro título oficial que disputou como profissional. Com 19 anos, Gabriel não foi coadjuvante. Não se escondeu. Não pipocou. Não atrapalhou.
Não foi Menino. Foi Homem.