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Opinião: 'O papel ideal da base'

Com exceção dos extraordinários, os talentos revelados na base servem para serem negociados e, assim, manterem o clube saudável financeiramente. Se junto a isso conseguirem dar retorno técnico, melhor ainda.

Crias da Academia ao lado de João Paulo Sampaio, coordenador das categorias de base do Palmeiras (Foto: Cesar Greco)
Crias da Academia ao lado de João Paulo Sampaio, coordenador das categorias de base do Palmeiras (Foto: Cesar Greco)

Tenho uma opinião que acredito que seja impopular sobre a base do Palmeiras e sobre a ideia de categorias de base como um todo no país. Entendo e acho louvável que muitos torcedores adorariam que a escalação tivesse 11 titulares formados dentro de casa, numa espécie de ‘La Masia’ das Crias da Academia. Eu também gostaria, mas, como não acho que essa possibilidade seja viável, vou por outro caminho.

Com exceção dos jogadores extraordinários, penso que os talentos revelados nas categorias de base servem para serem negociados e, assim, ajudarem a manter o clube saudável financeiramente e em um bom nível dentro de campo. Se junto a isso conseguirem dar retorno técnico em campo, melhor ainda.

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Um bom exemplo é Luan Cândido, lateral-esquerdo, negociado por dez milhões de euros aos 18 anos em 2019, antes mesmo de estrear como profissional pelo Palmeiras. O tempo passou e hoje ele é uma boa peça no Red Bull Bragantino. Poderia ter cumprido as altas expectativas que o cercavam na época de campeão mundial Sub-17, como poderia ter dado errado por inúmeros obstáculos presentes na carreira de um jogador de futebol. Ficou no meio do caminho e a negociação se provou positiva. Um dos trabalhos dos gestores de clube é justamente saber medir esse risco para tomar as melhores decisões.

Agora tomemos como exemplo o caso de Vanderlan. Um lateral-esquerdo correto. Sem dúvidas, um bom reserva para Piquerez quando o uruguaio estiver convocado ou indisponível por outros motivos. A questão é: o teto dele é mais alto que o do atual titular? Se Piquerez for vendido ele assumirá a titularidade? Acredito que a resposta para ambas as perguntas acima seja ‘não’. O mesmo vale para Pedro Lima, Kevin e a imensa maioria das revelações. E está tudo bem, nem só de craques vive a base. Gênios são poucos por definição.

Nessa linha de raciocínio, o Verdão poderia ter feito muito mais dinheiro com a ‘primeira geração’ de ouro das Crias, que contava com nomes como Patrick de Paula e Gabriel Veron, vendidos já em declínio por menos do que se projetava inicialmente mesmo após darem certo retorno técnico.

Quando digo que abriria exceção para jogadores extraordinários, me refiro a Endrick, Luis Guilherme, Gabriel Jesus e outros com potencial de protagonismo global. Jogadores desse nível deveriam ser segurados até serem vendidos por propostas inacreditáveis, como aconteceu com Endrick no Real Madrid. E indo além, gostaria que jogassem o máximo de tempo possível com a camisa do Palmeiras – outra coisa que não ocorre na prática.

Portanto, caso a diretoria fosse competente o suficiente para buscar bons nomes no mercado como reposição, eu não seria contra a negociação de garotos diante de boas propostas. Uma vez que esse não é o caso atual, acredito que Abel Ferreira poderia lidar melhor com os processos de transição da base para o profissional. Kevin e Pedro Lima poderiam ganhar minutos nos lugares de Breno Lopes e Jailson até serem vendidos, por exemplo.

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