Janaína é do samba. Júnior é do Palmeiras desde o berço na Barra Funda. Cresceu no Jaraguá querendo ser da Mancha. Hoje é da bateria Puro Balanço da escola.
O samba os uniu. O Palmeiras os abençoou. Ela contou que estava grávida de Francisco ao Júnior na quadra da Mancha que meio que já sabia da criança e parou o ensaio só pra ver o amor chegar. Janaína deu os sapatinhos de bebê pro pai lá no meio da escola. Lá fizeram o churrasco de primeiro aniversário do nenê, em agosto de 2018. Lá também o Francisco aprendeu a primeira palavra que falou. Não é papai, não é mamãe. É “Palmeeeeeeeeeeiras” como entoa a que canta e vibra na arquibancada naquele mantra que a Mancha encanta.
Tão Palmeiras é o menino como o pai que ele resolveu nascer logo no Choque-Rei do BR-17 no Allianz Parque. Aquele de mais uma virada. 4 a 2. O do golaço do Willian. Um chute mais certeiro do que ele deve ter dado na bolsa da mãe que estourou horas antes do clássico.
- A minha mulher sentiu as dores do parto pela manhã. Fomos pra maternidade. E bateu o desespero. Eu iria ter meu filho. Mas também bateu o desespero de que eu iria perder o clássico. Então os médicos liberaram pra voltar pra casa depois de horas. Joguei minha mulher dentro do carro, acelerei! Quase que ela tem o nenê ali dentro de tanto que corri! Eu a deixei em casa e saí voando pro Allianz Parque. Ganhamos. Voltei pra casa. Na madrugada voltamos pra maternidade. E nada. Outra vez pra casa até que o bebê estava com risco de morte. Voltamos pra maternidade. E ele nasceu de cesariana. Graças a Deus deu tudo certo.
E desde então o menino vive do Palmeiras, da Mancha e do samba. Fala a mãe:
- Ele não fala ainda. Só “Palmeiras”. E fala mesmo cantando. Não pode ver um objeto que já sai batucando. Fazendo barulho. Cantando Palmeiras com um aninho.
A mãe queria ter anunciado o bebê pro Júnior no dia do título de 2016. Acabou sendo na Mancha. Onde tudo começou pro pai e pra eles.
- Quero passar pro meu filho o mesmo amor que o seu pai te passou, Mauro. Quando eu estiver lá no céu com o seu, eu quero que meu Francisco lembre sempre o nosso Palmeiras.
Ele vai, Júnior. Sem conhecer a história dele eu já sabia. O seu filho é o que você ergueu como troféu no Aeroporco na foto do César Greco. Quem eu disse que nunca esqueceria esse dia. Não só por ser filho da música que faz novos rebentos com os talentos genéticos. Como o nosso Simoninha que é de Simonal mas é mais Palmeiras. Como o filho do Júnior que já viu a luz e sente o som do que é ser o que somos: Palmeeeeeeeeeiras.