Gol do Ananias. Sport 1 x 0 Palmeiras no Dia da Bandeira do Brasil em 2014. Aquela no peito do Verdão na final da Copa Rio. Bandeira carregada pelo Palestra que morreu líder para o Palmeiras nascer campeão em 1942. Brasil que foi o Palmeiras na inauguração do Mineirão em 1965. Brasil cujo maior campeão é o Verdão.
Gol do Sport. Gol do Ananias. Sete anos depois de o Sport ter vencido o Palmeiras pelo BR-07. O último jogo do pai do nosso Guilherme Cimatti no velho Palestra. Um mês depois ele partiu.
Gol do Sport. Gol do Ananias. Dois anos antes dele e mais 70 partirem no voo da Chapecoense que ainda leva tanta gente junto.
Amanhã é véspera de Natal. Dia de terminar a listinha do Papai Noel. Quando os maiores presentes seriam os ausentes com a gente. O Ananias. Os outros 70 de Medellín. O pai do Cimatti. Meu pai. A irmã da minha mulher. Quem você quiser escalar.
O último passeio do meu pai com os netos foi na véspera do Dia dos Pais de 2012, nas obras da arena que ainda não era Allianz Parque. Mas sempre foi o nosso lar.
Eu queria que ele tivesse visto ao meu lado o meu primeiro documentário que estreou no primeiro evento oficial do estádio. Queria que ele estivesse na arquibancada com minha família quando fui o mestre de cerimônia na inauguração do Allianz Parque. Quando depois o Ananias…
Eu queria tanto. Como eu queria ver com ele a final do SP-76 que não conseguimos ir. Na da Libertadores que ele não pôde ir. Na do SP-08 que ele não quis ir – mas meu mais velho estava. Como meus dois estiveram na Copa do Brasil-15. Como a minha mãe, a minha mulher, meu caçula e nossa filhota foram ver o abraço de Jailson e Prass contra a Chape em 2016.
Como tudo isso e os gols do XV de Jaú em 1985 debaixo de chuva. Os gols que não saíram contra o Braga em 1990. Os pênaltis do Boca, do Barcelona, do Corinthians e do São Paulo. Tudo aquilo que não deu certo em casa. Mas por ser lá sempre acaba dando certo. Até quando acaba.
Natal é para celebrar a família. Nada pra mim a celebra mais do que o Palmeiras.
Natal é pro pai do Cimatti e o meu pai seguirem sempre presentes onde a gente mais lembra deles. Porque nada me conecta mais com ele do que o Palmeiras.
Não tem manchete de jornal, análise de futebol, título justo ou derrota digna que vença esse amor incondicional de pai pra filho. De Palestra pra Palmeiras