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Palmeiras 1 x 0 Botafogo, 36a. rodada do BR-16

Palmeiras 1 x 0 Botafogo, 36a. rodada do BR-16

19 de novembro de 204. Eu estava no Allianz Parque na reabertura do velho Palestra. O mestre de cerimônias falou assim:

“Olá, palmeirense! Entre sem bater… A casa é sua… Só bata palmas pelo Palmeiras!

Também pode bater mais forte o coração verde no altar da comunhão do espírito de porco com a alma de periquito! Allianz Parque da aliança do velho Palestra com o novo Palmeiras.

Nossa casa, nossa vida.

Onde nos desentendemos como palmeirenses. Onde nos entendemos como gente.

Onde eu canto que sou Palmeiras até vencer. Em cada canto do nosso campo que mudou como um dia mudaram o nosso nome. Jamais a nossa alma. Mais Palmeiras eu sou em cada canto. No nosso campo plantamos Palmeiras.

O nosso time é a Academia de futebol. A nossa torcida é show de bola. O nosso Allianz Parque é um espetáculo a parte.

O nosso berço foi transformado com lealdade em padrão.

Aqui você é patrão! Aqui somos Verdão!

Somos Palestra há 100 anos!

Allianz Parque, a nossa vida é você a partir de hoje.

No Dia da Bandeira do Brasil. Dia para celebrar o time que nasceu campeão em 1942 entrando em campo com a bandeira brasileira.

O clube que jogou pelo Brasil na Copa Rio de 1951.

A Academia que foi a Seleção no dia da independência do brasil em 1965.

O clube que mais vezes foi campeão nacional do país mais vezes campeão mundial dá bandeira!

Dá bola! Dá show! Dá Palmeiras!

Da Guia. Do Dudu. Do Fiume. Do Junqueira. Do Heitor. Do Jair. Do Valdir. Do Julinho. Do Djalma. Do Luís Pereira. Do Leivinha. Do César. Do Sampaio. Do Alex. Do São Marcos.

Do palmeirense que é doente e do palmeirense que é são.

Não somos mais. Não somos menos. Somos Palmeiras!

Somos os donos desta bela arena que nos orgulha tanto quanto nossa história. Paixão que passamos para nossos filhos que um dia vão contar aos netos deles que em 19 de novembro de 2014 eles vieram ao Allianz Parque para ver a reinauguração da nossa casa.

Na noite em que podemos dormir felizes pelo retorno ao nosso lar. Sonhando com tudo de lindo que já construímos. Com tudo de maravilhoso que conquistaremos de volta pra casa.

De volta pro futuro que é verde de esperança.

Um sonho de Verdão.

Sinta-se em casa, palmeirense.

Eu sou o Allianz Parque.

Nosso clube teve dois nomes. Nosso estádio tem dois nomes.

Mas eu só tenho uma palavra pra vocês, palmeirenses:

Amor.

O amor incondicional que constrói o Palmeiras que agora volta pra casa.

Verdão que volta pra mim.

O Allianz Parque.

Eu sou da casa. Eu sou o lar, doce lar.

Eu sou vocês. Vocês são minha alma. Vocês são a nossa arma.

Vocês são divinos como Ademir. Companheiros como Dudu. Malucos como César. Matadores como Evair. Animais como Edmundo.

Vocês são Marcos!

Vocês são Palmeiras!

Vocês são o Allianz Parque!

Vocês são a torcida que canta e vibra. Vocês são o alviverde inteiro.

Eu sou um pedaço de cada um de vocês, milhões de palmeirenses.

Eu sou o campo dos sonhos. Eu sou o berço da academia de futebol.

Eu sou cada canto onde vocês cantam que são Palmeiras até morrer.

Eu canto que na minha terra tem Palmeiras. Eu conto com o grito e o canto de cada um que joga por 11.

Do Palestra que nos ensina, do Palmeiras que é nossa sina.

Aqui se fez o campeão do século XX quando compramos o Parque Antarctica.

Hoje começa a Arrancada Heroica do campeão do século XXI. Hoje eu sou Palmeiras até vencer. Pra sempre eu sou vocês.

Avanti, Palestra! Scoppia che la vittoria é nostra!!!

Venha, Palmeiras!

Os bons campeões a casa tornam.

Ela é toda nossa.

Vamos, Palmeiras!!!”

Eu fui. E quase que a gente volta em 2014 pra segundona dos infernos. Mas nós confiamos. E seguimos Palmeiras. De primeira.

Como o Marcos Ferreira. Ele nasceu em Arapiraca, em 8 de agosto de 1980. Três dias depois de levarmos de quatro do São Paulo. Dois jogos antes da última partida do mestre Brandão no Palmeiras. Aos 12 veio morar com a madrinha em Mogi das Cruzes. A família alagoana não o queria bem. Ele se sentia rejeitado na própria casa. Na cidade chegou trabalhando. Se virando. De Alagoas trazia saudade dolorida da terra, não do lar. E a torcida pelo ASA de Arapiraca, que então não era asa negra do Palmeiras, como seria em 2002, ao eliminá-lo na Copa do Brasil.

 

Marcos chegou a São Paulo no mesmo ano em que o xará veio de Oriente para virar o anjo-guardião do Palmeiras. No fim daquele 1992, Marcos estava na casa da madrinha. Todos são-paulinos vendo pela TV a final do Paulista. Outra paulada de quatro. Agora 4 a 2. São Paulo quase bicampeão paulista. Marcos perdidamente apaixonado. Pelo derrotado. Pelo Palmeiras.

 

“Eu me apaixonei. Amor não tem explicação. Amei aquele verde, amo o meu time. Foi amor à primeira vista. Essa cor, aquela raça. Fiquei apaixonado”. Amor que passou às filhas como Maria, 18 anos. Ela nasceu no dia em que o Palmeiras empatou sem gols em casa contra o Ceará pela Copa do Brasil que conquistaria naquele 1998. Título que o levaria para a Libertadores que venceria em 1999. Teste do pezinho-quente de Maria. Ela trabalha no aeroporto de Cumbica. Ela sempre tenta dar um jeito de ver o elenco em algum Aeroporco. Não conseguiu. Mas já deu de Dia dos Pais uma camisa autografada do Ademir da Guia. Na humildade Divina, o maior presente que ela deu na vida ao pai além da própria existência.

 

“Sempre estou com o Palmeiras, mesmo de longe, lá de Mogi. Ele me tem e eu tenho/ ele”. Mas a família de Maria não tem tanto dinheiro. Ela não conhecia o Allianz Parque. No domingo, Marcos, padeiro, convenceu a filha a acompanhá-lo até uma palestra no trabalho, de gestão, na capital.

 

Era mentira. Mas era Palestra. “Eu estava cansada do estudo e do trabalho. Mas fui com meu pai. Algo me dizia que eu tinha de ir naquela manhã de domingo. Saímos de Mogi 6 da manhã. Descemos na estação Barra Funda. Andamos e então ele fingiu que estava procurando o endereço no celular. Quando fui ajudá-lo ele abriu o sorriso, os braços, e disse: ´bem-vinda ao Allianz Parque’. Eu chorei’.

 

Maria se encantou com o estádio que não conhecia. “Aquela grade verde. Que coisa mais linda. A gente não tinha ingresso para o jogo contra o Botafogo. Iríamos tentar ver pela TV e sentir tudo aquilo em algum bar perto do estádio”. Era 9 da manhã. Seria todo o domingo de Palmeiras para Maria e Marcos.

 

“Falei pro meu pai que não precisava de ingresso. Só de estar perto do estádio, do elenco, das torcidas, dos bares, era tudo onde eu queria estar na minha vida. Eu estava no meu mundo. Só não estava com a camisa do Palmeiras que meu pai não deixara eu usar por segurança desde lá de Mogi. Mas ele fez o esforço e comprou uma de camelô”.

 

Já era o dia mais feliz de Maria. “Mas o meu pai se superou. 11h45 da manhã, ele conseguiu dois ingressos para o paraíso! Eles eram muito caros! Mas ele fez o maior esforço do mundo. Chorei de novo. Já tinha chorado vendo a placa do Allianz Parque, a da entrada do clube, de tudo. Só de estar na frente da nossa casa eu já me sentia no meu lar”.

 

Quando Maria entrou na arquibancada Superior Oeste, chorou de novo. E por muito tempo. Em choque. Quando o elenco entrou em campo para se aquecer, ela quis se jogar lá de cima. “Para abraçar todos e agradecer pela raça deles”.

 

Quanto foi o jogo? Não importa. Maria e Marcos já tinham ganhado de goleada só por estarem no entorno da nossa casa. Só por passarem o dia ao lado do Palmeiras desde cedo. Só por passarem o jogo dentro do Palmeiras. Só por voltarem para casa como se não tivessem saído dela.

 

Marcos mal tinha família quando deixou Arapiraca, em 1992. Marcos e Maria ganharam a maior família do nosso mundo. A Família Palmeiras.

 

 

Marcos e Maria enfim conheceram o estádio. Dois anos e um dia depois da inauguração do Allianz Parque. Eu e o pai da Maria Eduardo estávamos lá. O Edgar Nepomuceno que não conseguiu entrar com a filha no estádio. Os bagunceiros que deixaram o futebol órfão da violência desuniformizaram as ruas e estádios. Caras-pintadas, eles estão devidamente proibidos pela PM de entrar nos estádios. Só que como pode uma menina de sete anos não poder entrar no estádio com o rostinho pintado? Foi o que fizeram policiais antes do jogo. A PM pediu desculpas pelo abuso de poder feito depois da repercussão do caso nas redes sociais. O Palmeiras mandou muito bem com a sua diretoria garantindo que a pequena Duda entrasse em campo com o Dudu no jogo seguinte.

 

Eu consegui ter acesso à “mensagem” que ela deixou antes do jogo. É claro que é ficção. Mas parece mesmo mentira que impediram a entrada de uma menina de sete anos em um estádio.

 

“Oi. Eu me chamo Maria Eduarda e tenho 7 anos. Eu sou palmeirense que nem meu pai Edgar. Eu tô muito feliz hoje que vou ver jogo no estádio. Meu pai me deixou pintar a cara pro jogo. Tô muito feliz. Aí eu acho que vai todo mundo olhar pra minha cara e vai ficar feliz tipo assim que nem eu. Eu queria também usar aquelas luzinhas que acendem e fazem fumaça verde mas daí meu pai disse que não pode que tem gente ruim que faz bagunça com isso e eu não entendi direito. Tudo bem. Eu vou pintar minha cara de verde e branco para gritar Palmeiras bem alto pra todo mundo ouvir lá da lua! Ainda bem que meu pai fez de tudo pra comprar ingresso pra mim e pra pintar minha cara. Aposto que o Dudu vai ver eu com a cara pintada no estádio e vai rir pra mim e vou contar Prass minhas coleguinhas. Olha que legal! Escrevi pras no celular e saiu Prass que nem nosso goleiro. Eu quero tirar foto com Jailson! Será que ele vai me ver no estádio? Eu quero tirar foto com ele. Acho que ele vai tirar foto comigo. Ele é tão legal! Não sei porque meu pai fica falando que tem gente ruim que briga. Eu nunca vi. Ele diz que tem gente que briga e eu acho muito feio. Acho que a polícia tem que prender gente ruim. A polícia é muito importante. Eu conheço um que sempre brinca comigo perto de casa. Eu vou ver se mostro uma foto pra ele da minha cara. Ele vai rir bastante. Ele é muito inteligente e muito legal. Tem um amigo que diz que tem policial que é muito burro e eu digo que não é verdade. Meu pai me disse que a gente tem que fazer tudo direitinho que mandam pra gente e eu faço tudo direitinho. Que a gente tem que obedecer meu pai. Tem hora que é chato isso mas eu sei que tenho que ser boazinha que daí meu pai me leva pro jogo. E eu vou estar bem bonita de cara pintada. Meu pai até me disse que antigamente um monte de gente com cara pintada fez muita coisa legal nas ruas e ajudou o país. Eu sei que vou ajudar o Palmeiras. Nâo vai ter gente ruim que vai estragar”.

 

Ninguém estragaria a nossa festa. Cuca sempre projetou que a partida contra o Botafogo seria decisiva. Ele ficou ainda mais esperançoso quando soube que o jogo seria no fim de semana de dois anos da reabertura do estádio. Mas cada jogo mais preocupado com a excelente campanha de seu ex-auxiliar Jair Ventura no Botafogo. Trabalharam juntos no clube. Sabia que viria pedreira pela frente.

 

Cuca chamou todo o elenco para se concentrar em Atibaia depois do empate em Minas. Até Fernando Prass. Só os lesionados João Pedro e Roger Carvalho estavam fora. Mina ainda era dúvida, mas virou titular. Uma formação mais ofensiva: 4-2-1-3. Róger Guedes e Dudu pelas pontas, Gabriel Jesus centralizado. Cleiton Xavier armando, com Tchê Tchê e Moisés fazendo mais uma vez de tudo. Como Zé Roberto de volta à lateral esquerda. Com a técnica e humildade que Deus lhe deu, e ele aperfeiçoou.

 

Mas esse foi mais um jogo em que um nome imperou acima dos demais. Moisés. Para a Bíblia, ”o mais humilde de todos os homens da Terra”. Para o palmeirense, em janeiro, ”um refugo da Lusa! Croácia?”.

 

Moisés! O cara que dá carrinho como zagueiro, cerca como volante, arma como meia para dar passes de trivela como no gol incrível perdido por Jesus no primeiro tempo; Moisés que enche o pé de primeira como atacante no belo sem-pulo aos 34. Moisés é o pai da menina que encanta cantando o hino do maestro Totó. É o cara que desarma aos 38 finais, e, no mesmo lance, avança e cria a jogada. É o pé que toca para Dudu avançar e cruzar pela direita, Gabriel Jesus chegar atrasado e ainda acreditar, levantar a bola na área para Dudu vencer Sidão, o jogo, e encaminhar o título mais do que merecido para quem é líder há 27 das 36 rodadas. Tudo isso aos 17min13s.

 

Mais do que justo para quem superou desconfianças como Moisés, melhor em campo, dos 11 melhores do BR-16. Para o jogador que sofreu uma fratura no pé em fevereiro, daquelas que levam seis meses para curar… E ele retornou na metade do tempo. Justa alegria e alívio para o torcedor palmeirense que há dois anos fazia contas no Allianz Parque, contra o Atlético Paranaense, na última rodada, dependendo de outros resultados. Para quem sofreu nos últimos anos fazendo simulações de resultados que quase nunca davam certo. Quase sempre catastróficos. Para quem via a bolinha da Globo no ar e ficava tentando sacar de quem era o gol pela entonação do Cleber Machado. Para quem todo gol era importante em todos os jogos. Porque o seu time já não sabia mais andar e jogar pelas próprias pernas.

 

Contra o bravo Botafogo, e contra mais 18 rivais no domingo, o Palmeiras também dependia de outros placares. Mas para outro fim. Ou o princípio de tudo.

Por isso a festa no Allianz Parque aos 22 minutos, quando Arrascaeta abriu o placar no Mineirão. Cruzeiro 1 a 0 Santos. Faltava o Palmeiras vencer o Botafogo como parecia pronto (e o Flamengo também não vencer o Coritiba, no Rio).

 

Enfim voltava o Palmeiras a atuar melhor e trabalhar mais a bola. Chegou a ficar 73% com ela. Mas com poucas chances (quatro contra três no primeiro tempo). O primeiro tempo acabou com duas perigosas chegadas do Botafogo. Pimpão bateu no canto e Jailson se manteve invicto. Na sequência, Carli se atrapalhou com a bola e perdeu a maior chance alvinegra, em belo lance do ótimo Camilo. Em primeiro tempo de baixas: Mina sentiu a lesão muscular e foi melhor sair, aos 11 minutos. Mais veloz que Edu Dracena, Thiago Martins entrou bem na zaga. Melhor que o meio-campista rival que substituiu Alemão, contundido depois de choque com Zé Roberto.

 

 

Três minutos no segundo tempo no Allianz, o Santos já empatava em Minas, com Ricardo Oliveira. Só aos 10 minutos Cuca sacou CX10 para enfiar Alecsandro no comando, recuando Dudu por dentro, e deixando Róger Guedes e Gabriel Jesus abertos, em um 4-2-3-1 repaginado do 4-2-1-3. O Botafogo voltara com mais coragem. Mais desenvolto. Mais avançado. O Palmeiras podia responder no contragolpe. Jogo aberto. Nervoso. Imprevisível. Jogo de Palmeiras.

 

Jogo a caráter para o Santos no Mineirão. Pênalti! O Allianz Parque ligado no rádio ou no minuto a minuto dos portais ou no WhatsApp recebeu a notícia. Pênalti para Ricardo Oliveira. Justo ele das caretas e dos gols em 2015… Mais contas no simulador alviverde. O Santos quantos pontos ficaria atrás com aquele possível gol da virada em Minas? Era hora de o Palmeiras marcar contra o Botafogo.

 

Moisés abriu o caminho. Dudu cruzou e Jesus chegou atrasado. Não foi dessa vez. Mas o menino foi buscar. Levantou na área, Dudu subiu como Leivinha, com a raça do xará que virou busto dia 6 de novembro (dia dos 77 anos dele), com o oportunismo do César com a 9, com a insolência de Edmundo. Um 7 como Dudu. Um a zero. Gol de tirar os chapéus.

 

Exatos dois segundos depois de Ricardo Oliveira diminuir a diferença para dois pontos marcando para o Santos, Dudu manteve os quatro de vantagem. O Palmeiras ainda dependia de resultados dos outros. Mas não mais para ficar na primeira. Mas para ser o primeiro. Ser Palmeiras pela nona vez. Campeão.

 

O Botafogo, a melhor surpresa do campeonato, lançou-se mais à frente. Mas chegou pouco. Ou parou em Jailson. Ou parou junto com o Palmeiras que soube jogar o campeonato mais que o jogo e parar a partida. Fez o suficiente para cravar o resultado que precisava. E que administrava esfriando o Fogão quando, aos 44, cantando o hino palmeirense, o torcedor soube que, em Belo Horizonte, Manoel empatava para o Cruzeiro com 10 jogadores. Ele estava impedido pela TV. Mas já não havia mais como impedir a festa alviverde nos dois anos e um dia de Allianz Parque.

 

A torcida que já cantava e vibrava explodiu no 2 a 2 do Santos. O jogo acabou quatro minutos depois em São Paulo. Três minutos depois, acabou o jogo do Santos. Não o campeonato.

 

Não foi com gol santista de Thiago Ribeiro no Barradão, como em 2014. Bastava então o empate do Santos na Bahia contra o Vitória para o Palmeiras permanecer na primeira. Mas o gol santista há dois anos foi alívio e festa alviverde. Em 2016, o Santos era de novo protagonista. Mas ao sofrer o gol do Cruzeiro, aliviou de vez o sofrimento palmeirense.

 

Bela festa na arquibancada. Belíssima festa na esquina do mundo verde da Palestra Italia com Caraíbas depois do jogo. Corrente dos atletas no gramado, como havia acontecido contra o Inter. Alegria que parecia improvável em Presidente Prudente depois da goleada do Água Santa, em abril. Quando os jogadores também se reuniram e se cobraram. Dando resultado no Brasileiro.

 

Alegria verde nas ruas. Mas sem gritos de campeão. Esse time não é disso. Essa torcida sabe o quanto sofreu para isso. Não tem o grito zicado de ”o campeão voltou”. Tem apenas aquele que ecoa na cabeça, mas não sai do peito. Pode até mostrar faixa de enea no Instagram. Mas o palmeirense não a veste. Ainda não é hora. O Santos não ganhou o jogo em BH. Mas ainda pode tirar o título se vencer as últimas duas partidas e o Palmeiras perder seus dois jogos que restam.

 

O Flamengo ainda estava na luta. Bastaria vencer o ainda ameaçado Coritiba. O Maracanã voltou. O futebol rubro-negro, não. O time que aspirava ao hepta abriu 2 a 0 no jogo que começou 19h30. Mas o ex-palmeirense Amaral diminuiu. E a tabela entre dois ex-alviverdes Vinicius e Kleber Gladiador empatou o jogo que terminou 21h22. E com ele as chances de hepta rubro-negro, que só foi líder do BR-16 por 19 minutos, quando vencia o Palmeiras no Allianz Parque até Gabriel Jesus empatar.

 

O Galo, outro que pintava bem, só pensava agora, e com razão, na Copa do Brasil. A que o Palmeiras ganhou um ano depois de pedir para ser rebaixado em 2014.

 

Bastaria agora um empate em dois jogos para o Palmeiras. E ainda o Santos precisaria vencer o Flamengo no Rio, e também o América, na Vila.

 

É quase tudo Palmeiras. Só que ainda não é. Mas para quem canta e vibra, é mais que tudo Palmeiras. O Verdão do Periquito de 1960, 1967, 1967, 1969, 1972-73. O Verdão do Porco de 1993-94. Não o de 2009. Aquele que precisava vencer o Botafogo e depender de outros resultados para ser campeão, na última rodada. Aquele que perdeu por 2 a 0 no Engenhão no último jogo. E nem para a Libertadores em 2010 foi. Porque o Cruzeiro venceu o Santos, na Vila, por 2 a 1, com um a menos. Gol de Kléber Gladiador. O mesmo que acabou com o sonho do Flamengo em 2016.

2009 acabou. Mesmo. 2016 mal começou. Mesmo.