Felipão é o sucessor de Roger Machado no Palmeiras (Fotos: Cesar Greco/Ag. Palmeiras)
O Palmeiras conseguiu quebrar um tabu que já durava 17 anos e conquistou uma vaga na semifinal da Copa Libertadores da América após bater o Colo Colo por 2 a 0, na última quarta-feira, no Allianz Parque. O curioso é que a equipe alcança essa fase do torneio jogando no mata-mata, sob o comando de Felipão, um futebol muito diferente daquele apresentado na primeira fase, sob a chefia de Roger Machado.
COM FELIPÃO, PALMEIRAS FICA MENOS COM A BOLA
Com Roger Machado no comando, o Palmeiras quase sempre mantinha a posse da bola por mais tempo do que o adversário. Das seis partidas disputadas na primeira fase, apenas uma, diante do Boca Juniors, terminou com a equipe alviverde tendo números de posse pouco inferiores aos do adversário. Na vitória palmeirense conquistada na Argentina por 2 a 0, o Boca Juniors obteve 52% da posse de bola. A média de posse do time de Roger Machado na fase é de 55%.
Os números são muito diferentes no mata-mata, já com o estilo Felipão implantado. Nos quatro jogos, diante de Cerro Porteño e Colo Colo, o Palmeiras deixou o campo com menos posse de bola do que o adversário durante os 90 minutos. A média desaba para 39%, impulsionada pelo duelo da volta das oitavas de final, quando Felipe Melo é expulso com três minutos de jogo. Deixando essa partida de fora da conta, a média sobe para 43%, ou seja, 12% a menos de posse de bola média em comparação com a primeira fase.
MENOS TEMPO COM A BOLA SIGNIFICA MENOS PASSES TROCADOS
Roger Machado sempre gostou de equipes com paciência para achar espaços nas linhas adversárias, contando sempre com a impaciência do rival que apenas observa seu time trocando passes, mesmo que longe do gol. Por outro lado, Felipão já mostrou o quanto gosta de um time cujo objetivo é chegar o mais rápido possível próximo do gol para concluir uma jogada. O resultado desses pensamentos diferentes aparece claramente nos números de passes trocados.
Na primeira fase, Roger Machado viu seu time trocar até 496 passes em uma partida só, no Allianz Parque, em vitória por 2 a 0 sobre o Alianza Lima. A média de sua equipe na Libertadores foi de 408 passes trocados por jogo. Quando o assunto é mata-mata, os números são muito menores. A vitória sobre o Cerro Porteño por 2 a 0 no Paraguai se encerrou com 322 passes trocados pelo Palmeiras, sendo a ocasião na qual o time melhor desempenhou o fundamento entre os quatro jogos sob seu comando. A média no mata-mata é de 240 passes certos. Tirando o duelo em que Felipe Melo foi expulso logo no começo, a média sobe para 286, ainda bem menor do que a equipe treinada por Roger Machado.
MÉDIA DE FINALIZAÇÕES CAI. LETALIDADE NEM TANTO
A média de finalizações do Palmeiras na primeira fase da Libertadores é de impressionantes 14 conclusões por jogo, sendo cinco em direção ao gol. No mata-mata, esse número cai quase pela metade, com 8 finalizações por partida. Caso o leitor queira excluir o duelo em que o Palmeiras ficou com um jogador a menos logo no começo da partida, contra o Cerro Porteño, a média sobe apenas para 9 finalizações por jogo.
Entretanto, a letalidade não caiu pela metade. Sob o comando de Roger Machado, o Palmeiras acumulou a média de 2,3 gols por partida, enquanto com Felipão a equipe finaliza pouco mais da metade, mas carrega a média de 1,5 gol por jogo. Além disso, o sistema defensivo sofreu apenas um gol nos quatro jogos, enquanto na primeira fase sofreu três em seis confrontos.
CONCLUSÃO
O Palmeiras de Felipão carrega consigo uma característica mais vertical, como gostam de dizer os estudiosos. Isso significa que você não vai ver a equipe trocar muitos passes na defesa tentando chamar o adversário para buscar espaços na marcação, como se comportava a equipe de Roger Machado. Sob novo comando, o time investe na ideia de empurrar o adversário para seu campo de defesa o mais rápido possível e trocar o mínimo de passes para achar boas condições de concluir uma jogada ofensiva. Por isso os números de posse de bola e passes trocados são inferiores, mas não necessariamente tornam a equipe inferior. Tanto é assim que, embora tenha menos a bola e finalize em menor quantidade, a equipe segue letal e melhorou seu aproveitamento nas conclusões de jogadas.
Como vimos, o Palmeiras de Felipão é diferente do Palmeiras de Roger Machado, muito embora ambos tenham obtido sucesso na competição. O melhor time da primeira fase carregou uma marca, enquanto o semifinalista já joga em outro estilo. A mensagem do elenco montado pela diretoria alviverde é de que tem força suficiente para se adaptar e ser perigoso de acordo com a estratégia desejada, independente do estilo do comandante.