Foto: Cesar Greco/Ag. Palmeiras
O ponto conquistado pelo Palmeiras diante do Flamengo foi bastante comemorado pelos torcedores alviverdes por três circunstâncias. A primeira envolve o desgaste do confronto anterior, na Bombonera, contra o Boca Juniors, além dos desfalques por cartões amarelos ou lesão. Já a segunda é mais objetiva, tendo em vista que a freada em um concorrente direto dentro de sua casa lotada e equipe completa, mantendo a distância de quatro pontos, merece ser celebrada. A terceira vem das dificuldades encontradas pelo Palmeiras no jogo, jamais encontradas antes diante dos postulantes ao título desse Brasileirão.
Para deixar claro o perigo atravessado pelo Palmeiras com sucesso, basta observar alguns números para refrescar a memória de como foram os confrontos contra Grêmio, Internacional e São Paulo como visitante:
Prancheta indica a divisão de setores utilizadas pelas comissões técnicas e sites de estatísticas para definir a porcentagem de posse de bola em cada setor
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10ª rodada – Grêmio 0 x 2 Palmeiras – O Grêmio obteve 49% de posse de bola e finalizou 15 vezes a gol, número já considerado alto. Dos 51% de posse de bola alviverde, a equipe dirigida na época por Roger Machado trabalhou a bola 31% do tempo na defesa, 46% do tempo no meio e 23% no ataque.
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21ª rodada- Internacional 0 x 0 Palmeiras – O Colorado obteve 57% de posse de bola e finalizou 11 vezes a gol. Já sob o comando de Luiz Felipe Scolari, que impunha um estilo diferente de jogo, a posse de bola alviverde foi de 43% e se dividiu em 28% na defesa, 42% no meio e 30% no ataque.
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28ª rodada – São Paulo 0 x 2 Palmeiras – Foram apenas 5 finalizações do São Paulo, que obteve 60% da posse da bola. Dos 40% do tempo de jogo que o time de Felipão ficou com a bola, 34% do tempo aconteceu na defesa, 44% no meio e 22% no ataque.
Agora repare nos números do confronto do último sábado, contra o Flamengo, no Maracanã:
- 31ª rodada – Flamengo 1 x 1 Palmeiras – Foram 19 finalizações do Flamengo, que obteve 62% de posse de bola. O Palmeiras, que acumulou média de 38% de posse de bola, esteve praticamente metade desse tempo com ela no campo de defesa (48,5%), sendo 32% do tempo no meio e 19,5% no ataque.
A equipe do Flamengo esteve mais com a bola do que qualquer outro concorrente direto pelo título. Além disso, foi quem mais finalizou a gol e, principalmente, a equipe que, de longe, mais conseguiu fazer com que o Palmeiras encontrasse dificuldades em trabalhar a bola no meio-campo e no ataque, empurrando os comandandos de Felipão para a defesa.
Para efeito de comparação com o último jogo, diante do Boca Juniors, quando o Palmeiras foi questionado por não conseguir jogar, os números mostram que diante do Flamengo a equipe alviverde conseguiu se sentir menos á vontade ainda, já que obteve maior posse de bola, sofreu menos finalizações e ficou bem menos com a bola no campo de defesa:
- Semifinal da Copa Libertadores da América – Boca Juniors 2 x 0 Palmeiras – Foram 9 finalizações do Boca Juniors, que obteve 57% da posse da bola no jogo. O Palmeiras, com 43% de posse de bola, esteve 36% do tempo com ela na defesa, 47% no meio e 17% no ataque.
Em quatro desses cinco jogos a estratégia pôde ser considerada bem sucedida, porém a margem de erro é mínima na aplicação desse estilo de jogo, embora muitas vezes não seja ideia do treinador que a equipe recue, mas ocorre por conta do mérito do adversário, como aconteceu na Argentina e que o próprio Felipão admitiu em entrevista coletiva. O ano está chegando ao fim e os desafios estão se encerrando, mas talvez seja importante ao Palmeiras tentar encontrar soluções para correr menos riscos nos próximos compromissos.