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Palmeiras, o time que dobra o tempo e o espaço

Verdão está final da Libertadores e enfrenta o Flamengo, em Lima, no Peru

O jogador Gustavo Gómez, da SE Palmeiras, comemora a classificação para a final da Copa Libertadores, após partida válida pela semi final, volta, contra a equipe da Liga Desportiva Universitaria, na arena Allianz Parque. (Foto: Cesar Greco/Palmeiras/by Canon)
O jogador Gustavo Gómez, da SE Palmeiras, comemora a classificação para a final da Copa Libertadores, após partida válida pela semi final, volta, contra a equipe da Liga Desportiva Universitaria, na arena Allianz Parque. (Foto: Cesar Greco/Palmeiras/by Canon)

Graças a Albert Einstein e sua Teoria da Relatividade Geral, sabemos há mais de 100 anos que o tempo não é absoluto. Ele se dilata e se comprime, dependendo da sua relação com o espaço. Perto de um corpo supermassivo, como um buraco negro que distorce o tecido espacial com sua gravidade, o tempo passa devagar, quase parando. Já no meio do espaço sideral, longe de qualquer objeto com alta gravidade, o tempo passa mais rápido do que aqui na Terra.

Einstein só não pode prever o que todos nós, palmeirenses, hoje sabemos: no Allianz Parque, tempo e espaço têm dinâmicas próprias.

Em nossa casa, 90 minutos podem valer um ano inteiro, uma década, uma vida. É muito tempo. Foi outro professor, também mestre em sua área de atuação, quem definiu essa condição e a transformou em mantra. Muitos adversários já a comprovaram em experimentos práticos. Na noite de 30 de outubro, foi a vez da LDU.

Especialista em jogar no ambiente rarefeito da altitude, onde o ar é escasso e a bola se move com menos resistências, a Liga de Quito sentiu a força gravitacional do Palestra Itália. O ataque leve, quase imparável, de uma semana atrás, se mostrou lento, imóvel. A defesa pesada, por sua vez, não conseguiu acompanhar as disparadas de um menino de 21 anos com cometas nos pés.

Talvez tenha sido a massa dos 40 e tantos mil torcedores cantando e pulando sem parar . Talvez o peso da camisa que entorta os varais dos quintais da América do Sul. Talvez sejam as toneladas de experiência – vitórias, derrotas, glórias, remontadas, frustrações – que esse elenco carrega para onde vai.

Para reverter uma derrota por três gols na ida, Abel Ferreira e seus comandados precisaram distorcer também o espaço. Montaram um 3-1-6, mais ofensivo que o 3-2-5 popular primeira metade do século, para encontrar terreno onde os adversários negavam qualquer centímetro quadrado. Na hora de se defender, o trio de zaga e Andreas Pereira precisaram se multiplicar para cobrir as áreas que inevitavelmente ficariam expostas diante de tal volúpia ofensiva. O controle territorial funcionou à perfeição.

Outra condição que faz o tempo passar mais devagar é a aceleração. Quanto mais rapidamente nos deslocamos, mais lentamente os ponteiros do nosso relógio se movem em relação a quem está parado. Atacar na velocidade da luz seria a aposta mais óbvia para o Palmeiras desacelerar o fluxo temporal e gerar os quatro gols de que precisava para passar de fase. Não foi assim. A pressão aconteceu, mas com cadência: sem afobação, mudando o ritmo de acordo com o decorrer do jogo. Foi essa paciência que tornou tão improvável façanha algo simples, natural.

Porque o Palmeiras de Abel Ferreira sabe manipular o tempo e o espaço a seu favor, fazendo parecer um fenômeno sobrenatural aquilo que é inevitável como as leis da natureza.

Luiz Andreassa, palmeirense e jornalista.

Próximos jogos do Palmeiras

  • Juventude x Palmeiras – Campeonato Brasileiro – 02/11 – 18h30 (de Brasília)
  • Palmeiras x Santos – Campeonato Brasileiro – 06/11 – 21h30 (de Brasília)