Foto: César Greco/Ag. Palmeiras
Por mais estranho, e até pouco lógico, que pareça ser essa inspiração no passado como prática de algo que é atual, a realidade mostra consideráveis semelhanças. O lendário time da Era Parmalat, como lembrou Vanderlei Luxemburgo, em coletiva após a vitória deste sábado, em Campinas, tinha uma trinca de ataque na qual o centrovante por vezes atuava mais próximo ao meio campo, como alguém com capacidade de construir o jogo e abrir caminho para os outros dois atacantes que compunham a linha de frente daquele time.
Evair, Edmundo e Edílson
Viralizou por todos os portais e rodas de bate papo esse tema/comparação levantada por Luxa. A questão, agora, é lembrar desse funcionamento, mas também em dados. Em uma amostragem de 15 partidas, notamos que Evair funcionou como assistência ou passe gerador para a assistência em pouco menos de 50% dos gols marcados. Desse tanto, pouco mais da metade vieram dos atacantes que faziam parceira com o camisa 9. Ou seja, o trio de ataque, seja no passe ou no gol, teve responsabilidade por algo além dos 60%. Um número enorme.
Atualidade inglesa
Se a referência citada pelo treinador ficou na história para mais de 20 anos atrás, a realidade mostra que o príncipio tático, em essência, acontece HOJE e no melhor time do planeta: o Liverpool de Klopp. E que aqui se registre, de antemão, que as comparações ficam num espectro de projeção, de ideia, afinal, qualidade individual, tempo de trabalho e orçamentos são infinitamente díspares.
O trio Firmino, Salah e Mané tem feito história. Potencial campeão invicto da Premier League, campeão Europeu e do Mundo. E esse trio tem o coração da equipe. Um ponta construtor, um ponta definidor e agudo e um camisa 9 de presença, mas que constrói fora da pequena área. Busca a bola, acha um drible, encontra um passe, movimenta a zaga rival e gera espaços. Produz movimento e, por consequência, chances de gol.
Termos e práticas
O princípio se assemelha à idea comentada -e bem executada- pelo Palmeiras de Vanderlei que, por sua vez, fala de forma mais simples sobre isso. O nove que "negocia a bola". A base é a mesma e a ideia, também.
Ainda incipiente, em aprendizagem, em construção, mas é uma prática antiga e extremamente atual. O que ainda prova que o futebol se reescreve, mas se baseia nas origens
Nem sempre é preciso rebuscar o futebol em fala, coletiva ou nomes. É preciso funcionar e ser claro pra quem acompanha. Foi o que aconteceu na importante noite deste sábado. Uma mostra bem relevante sobre como presente e passado se assemelham e se reutilizam.
Evolução e tempo
Não será do dia pra noite e em um jogo de Paulistão que as coisas serão definitivas. Nem pra bem, nem pra mal. Luiz que não servia mais pro Luiz que virou Bobby. Não será assim. Há um rastro de boa ideia sendo praticada e que demanda fé no trabalho e tempo. Nos maus dias, inclusive. O conceito de modernidade é relativo e também não se mostra por idade ou palavras. É na prática. E a projeção é bacana, saudável e com potencial.
É preciso paciência e compreensão.