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Pazza Gioia da Mancha e da minha Mamma

Pazza Gioia da Mancha e da minha Mamma

Torço pelo Palmeiras – você sabe, e muitos palmeirenses acham que é só pra vender livro, DVD, exposição, palestra que não é Itália… Mas curtido pelos 16 anos sem fila, torço pra valer só pelo time profissional – algumas vezes apenas remunerado. Sub-20, futsal, futebol de botão, basquete, Periquitos em Revista? Curto. Não compartilho.
Curto assim. Grosso também. Mas é o que virei por 16 anos.

O Palmeiras me levou há 28 ao jornalismo esportivo. Nesses 52 de time mais do que clube (não sou sócio, sou torcedor), torço pela camisa e por quem a veste. Não por cartola, técnico, craque, ídolo, bagre, patrocinador, renda, torcida, mascote.
Fico feliz se ganhamos tudo que disputamos. Mas não torço. E ainda menos contabilizo como palmeirense conquistas da base e títulos em outros campos.
Mas nesta terça de Carnaval em que estava no Rio comentando a Champions com o WhatsApp ligado na minha tia com minha mãe pela 1914 vez no pronto-atendimento em São Paulo pela ansiedade que não a larga, fiquei muito feliz pela felicidade da minha mãe celebrando com a médica a vitória da Mancha no Carnaval.
Ela chora por tudo por estas semanas. Mas a alegria que transbordou dela e das médicas no PA pela “vitória do Palmeiras” na avenida e pelo modo como contou pra toda família que o “Palmeiras” ganhou o Carnaval paulistano me remete a algo além dos méritos da escola vencedora.
Foi mesmo a “pazza gioia” de 1920. A festa pelas ruas paulistanas pela conquista do primeiro título palestrino. A “louca alegria” dos italianos e oriundi como minha mãe. Filha de Itália Roma (o nome da minha avó). Neta de italianos que fizeram São Paulo e o Palestra. E que torcem pelo que é verde.
Da Mancha à minha mamma que anda meio pazza. Mas sempre Palestra.
Parabéns à campeã que contou bonito e corajoso enredo de princesa africana escravizada. Enredo que lembra a missão do Padre Marchetti e Madri Assunta, tios de minha mamma. Mas essa é outra história.

(PS: Um apedeuta totalitário à minha esquerda, torcedor do maior rival, bostejou no Twitter que “uma agremiação formada por descendentes de italianos, onde 99,9% das pessoas fazem parte do fã clube [do presidente], ganhando o título da festa mais tradicional do Brasil… Vocês acham isso normal”???
Respondo: Uma agremiação formada por italianos e descendentes hoje tem uma das 4 maiores torcidas do país. Não é só italiana e não vota num só candidato – que não ganhou meu voto. Ganhou sim. Sem aspas. Com mérito. E muitas cifras como qualquer Carnaval vencedor nesta festa popular e tão endinheirada.

O apedeuta totalitário seguiu perdendo a razão pela temática monocromática e mononeurônica: “primeiro vocês clareiam a cena do rap e colocam 6184717 artistas brancos… E agora dão o título de Carnaval de SP para descendentes de italianos…”

Respondo: o maior sambista paulista é Adoniran Barbosa. Batizado João Rubitado pelos pais italianos. E era corintiano.

Até quem tem alguma razão a perde quando raciocina (SIC) com o fígado e pensa com o cotovelo.