Em 21 de junho do ano passado, Abel Ferreira, em uma fase ruim do Palmeiras sob seu comando, disse: “Ninguém fica para trás”. Ele não se aproveitou de uma frase forte à toa. Meses mais tarde, e olhando para o trajeto todo até o tricampeonato da América, é fácil notar que o comandante do Verdão é alguém apegado ao mérito do esforço e avesso ao individualismo. Se alguém fugir de sua redoma, é um caminho sem volta. Se ficar, estará com ele até a última instância. Nesse caso, chamada de Mundial de Clubes.
No dia 2 de fevereiro, a delegação do Palmeiras viaja para Abu Dhabi, onde disputa pela quarta vez em sua história um torneio intercontinental entre clubes organizado pela FIFA. Para a competição, Abel terá apenas 23 lugares, sendo três deles obrigatoriamente ocupados por goleiros. Ciente que seu plantel tem 27 opções, sem contar com os iminentes membros do elenco que venceram há dias a Copinha, o treinador vai deixar gente de fora. A questão é: ninguém fica para trás.
Conheça o canal do Nosso Palestra no Youtube! Clique aqui.
Siga o Nosso Palestra no Twitter e no Instagram / Ouça o NPCast!
Conheça e comente no Fórum do Nosso Palestra
A Covid-19 mudou os protocolos da FIFA com relação à entrega da lista dos inscritos, que agora pode acontecer a 48h da estreia, ou seja, no dia 6, mas esse nem é o fator preponderante na escolha de Abel e comissão em levar ao Oriente Médio todos os seus jogadores, aqueles que o português diz em toda coletiva serem: “Nem os melhores, nem os piores, mas os meus, os que acredito e os que venceram comigo”. Ele faria questão de ter todos ao seu lado mesmo se já estivessem três ou quatro descartados oficialmente da lista. E assim será.
Abel é leal ao que pensa sobre futebol. Barrou que o clube seguisse no mercado após o início dos treinamentos por achar que um grupo não merece ser alterado em meio à sua preparação. Quis, sim, novidades, algumas atendidas e outra, específica, não, mas não admite que algo interfira no sagrado vestiário que sua comissão cuida com tanto afinco. Repare você, não é difícil notar, como jogadores se referem entre si, falam sobre o Palmeiras, vivem o clube e idolatram o que fazem. E quem não o faz, é colocado pra fora do barco.
Hulk às vésperas da conquista do bicampeonato é uma escolha que causou certa discussão, mas ela morre rápido quando se entende o porquê. Controverso, teimoso, mas sempre convicto. Abel é alguém decidido em suas escolhas e com elas segue nas vitórias, quando é mais fácil, mas nas derrotas, quando poucos seguiriam, que é tão difícil. No Palmeiras, ele venceu mais que qualquer outro, com um grupo que não é melhor que todos os outros. Ele tem desses jogadores a devoção no trabalho. E, juntos, eles vão viajar.
Mais uma vez.
Nota: a informação de que todos os jogadores do Palmeiras viajariam ao Mundial de Clubes foi primeiramente divulgada por Danilo Lavieri, do UOL.
LEIA MAIS
Empresário de Endrick, Wagner Ribeiro dispara: ‘O Abel está sendo demagogo’
Mason Mount, do Chelsea, analisa Palmeiras antes do Mundial: ‘Mostraram muito coração’
Falta de chances na Seleção o Brasileira incomoda Dudu: ‘A gente fica chateado’