O mundo ainda não acredita o que há um ano perdemos na semana da maior vitória de toda Chapecó. Quando o mundo todo foi Chapecoense.
Vamos, Chapê.
Fomos, Chapê.
Ainda não dá para acreditar na tragédia depois daquela montanha na madrugada de Medellín. O maior ano nos 43 da Chapecoense. Ainda não dá pra acreditar no que só vocês, Chapê, acreditavam.
Do Oeste de Santa Catarina para conquistar o Sul da América. Das mãos trocadas pelos pés de Danilo. Da mãe do goleiro que tão bem abraçou a Chape abraçando o repórter que chorava como o Brasil. O indiozinho olhando para o céu de Condá com dó no peito dilacerado. A festa campeã do Nacional da Colômbia e de todas as nações que saudaram o maior vencedor. O que não precisa ganhar. Já ganhou. Até taça campeã do ano anterior foi entregue pelo Santa Fe.
Ainda não acreditamos em tudo que perdemos. E só vocês acreditaram em tudo que conquistaram. Todos vocês. Não apenas atletas, comissão técnica e gente de Santa Catarina. Também jornalistas e tripulantes. Vocês partiram antes da partida da vida de vocês. Vocês nem em sonho imaginavam tudo aquilo que sonharam. Nessa viagem foram todos que faziam como vocês. Por amor. Por acreditar. Todos sonharam um dia chegar lá. Ou nem sonhavam com a realidade de sonho que partiu sem volta.
Todos já eram vencedores porque escalados. Porque escolhidos.
Para quem acredita, Deus quis assim. Para quem não acredita, nada explica. E até para quem crê, nada conforta. Nem
a mais linda partida que se viu no dia seguinte em Medellín no estádio cheio. 90 minutos sem bola e nem times e nem as traves. Apenas o espírito do jogo. A partida deles todos. De todos nós.
A Chapecoense não era o Brasil. O mundo é a Chapecoense. Um ano depois, todo mundo precisa ser ainda mais o que eles foram. Precisa crer no que acreditaram. Aquele voo não pode ter partido em vão. Precisamos aprender além da tristeza e da tragédia.
Precisamos acreditar no que jamais pudemos crer. A partida da Chapecoense.