Quarta de Pacaembu. 5 de abril de 1967. O Palmeiras não jogou no Palestra no primeiro Robertão. E, naquela noite, pela oitava rodada, depois de cinco vitórias e duas derrotas, também não conseguiu jogar bem. Foi o primeiro empate no torneio.
Sem Djalma Dias (começava a renovação do contrato que levaria à sua saída do clube, 10 meses depois). Baldocchi entrava na zaga para só sair em 1972, quando Luís Pereira assumiria de vez como o nosso melhor camisa 3. Dos melhores de todos os os tempo e campos. Jair Bala foi mantido no lugar de Servílio, depois dos dois gols marcados nos 3 x 2 contra o Cruzeiro campeão da Taça Brasil de 1966.
Clássico duro contra a Portuguesa do Príncipe Ivair. E do jovem Leivinha, meia-atacante de história espetacular no Palmeiras, de 1971 a 1975, digno sucessor do próprio Servílio. Outro craque de Seleção. Como Marinho que depois seria chamado de Marinho Peres, dupla de sucesso com o nosso Luís Pereira na zaga do Brasil na Copa de 1974. Marinho jogaria no final dos anos 70 no Palmeiras. Lusa do jovem lateral-direito Zé Maria, reserva de Carlos Alberto no tri mundial, em 1970. Um ótimo time. Onde Félix, também campeão mundial no México, era reserva de Orlando na meta da Portuguesa de 1967.
Osso sempre duro. Ainda mais em campeonato em que não tinha moleza e nem respiro. Quase todos os jogos eram contra grandes. Os que não eram à época, como o paranaense Ferroviário e o Bangu, eram campeões estaduais. O clube carioca estava na frente do grupo A do Robertão. O Palmeiras, depois do empate com a Lusa, manteria a liderança do B e também a geral da competição, com 11 pontos, além do melhor ataque e do artilheiro César, com 8 gols.
O Palmeiras foi melhor no clássico. Era melhor. Mas a pontaria não estava boa. Jair Bala mais próximo de César criou vários lances. Como Leivinha e Ivair, do outro lado, fizeram o mesmo. Ademir da Guia teve de dar um pé mais atrás para auxiliar Dudu.
O gol do líder aconteceu aos 35. Rinaldo bateu falta que César desviou pelo caminho. A Portuguesa empatou aos 44. Leivinha deu lindo drible em Ademir, com a pedalada característica dele, e lançou Ivair em profundidade. Ele ganhou de Baldocchi e, na saída de Valdir, deu um belo toque por cobertura. Golaço.
No segundo tempo, o estrategista Aymoré deu mais dinâmica ao meio-campo com Dudu no lugar de Zequinha. Na primeira bola, o bom velhinho (hoje uma das seis estátuas nas Alamedas do clube) colocou César na cara de Orlando. No rebote da defesa do goleiro, Jair Bala mandou na trave esquerda da Portuguesa. O Verdão foi melhor no segundo tempo. Rinaldo mais uma vez recuou para armar pelo lado, liberando Jair Bala. Era um 4-3-3 bastante dinâmico.
A Lusa ficou mais encolhida. Quando tentava atacar, a linha de impedimento mais alta do Palmeiras impedia as chances rivais. Jair Bala chutaria uma segunda bola na trave. Ficou nisso.
Para O ESTADO DE S.PAULO, Djalma Santos, Ferrari e César foram os melhores palmeirenses no primeiro empate no Robertão.
O jornal ainda informou que os pontos penais estavam marcados erradamente no Pacaembu. O da meta da concha acústica (atual tobogã) estava 80 centímetros torta à esquerda. E a da meta dos portões de entrada estava 1,5 metro além!
Tempos românticos…