Seguimos o pior dos caminhos e talvez não tenhamos noção das consequências. A intolerância se instaurou definitivamente nas alamedas do Palestra Itália. É um problema social, intelectual, conceitual e humano. Os regimes foram vários ao longo dos anos, mas todos tiveram no extremismo sua pior versão.
Cuidado, Palmeiras.
Às vésperas de uma eleição nacional que será marcada pela turbulência ideológica, o Brasil se esfacela em posições partidárias e estupra a versão contrária à dele. A violência verbal domina as discussões, existe uma .40 filosófica apontada para o dedo de quem discorda. Se eu uso vermelho, morro pelo sangue azul que foi violentado pelo sangue verde. As reações abusivas da discordância fazem do convívio, o faroeste caboclo da modernidade.
Do Palmeiras, também.
Meu Palmeiras, meu Palmeiras, o que merda estão fazendo contigo? Porque dividimos o que somos? Porque entramos em choque pelo simples fato do coração ao lado bater mais forte por uma ideologia? Porque nossos homens precisam usar da sua imagem mundial para essa guerra quase fria? A democracia de uma arquibancada sendo colocada em alça de mira pelo sniper político de todo dia.
Porque, meu torcedor?
A vida não acaba na faixa que condecora um ser humano. Se ele errar, a dele, acaba. Não a nossa. Nosso dinheiro não virá do status que eles podem ter. Nossa voz em campo não será mais potente se a deles for dita pelos microfones presidenciais. O termo mau usado, a palavra que machuca, a amizade que se desfizer, o amor que pode mornar, esses acabam, sim. A troco de que? Pensa aí, pensa com o coração e veja se vale a pena.
Que pena disso tudo.
O meu Palmeiras abriga e abraça o menino Nickolas, o meu Palmeiras tem ídolo negro, branco, amarelo, verde. O meu Palmeiras troca o grito homofóbico por MAAAARCOS! Troca a imposição do sistema pela reação em massa, troca de nome pra existir. O meu Palmeiras tem uma família que se reúne em fé pelo bem de uma vitória e abraça o amigo ao lado sem saber quem ele é, o que ele pensa, o que ele representa, tudo isso porque ele é Palmeiras e é igual.
Igualdade pra ser diferente.
Permitam-se a diferença, a discordância, mas terminem no bar pra comemorar o gol, a vitória, a taça. Permitam-se paz.
O Palmeiras é de todos.