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Quem é que sabe? Internacional 1 x 1 Palmeiras

Quem é que sabe? Internacional 1 x 1 Palmeiras

O Inter não tinha Guerrero, D’Alessandro, Moledo, Bruno e Dourado (que era titular até ser bem substituído por Lindoso ainda antes da Copa América). Mais outras três opções de banco não tinha o cornetado Odair. O Palmeiras vinha completo e 100% com Mano para o Beira-Rio da pá virada até contra bandeiras coloradas como Rafael Sóbis.

O ainda mais vaiado treinador gaúcho deixou o atacante na frente, deu mais trela a Nico, e fez seu jogo com seus dinâmicos volantes no 4-1-4-1. Marcou o Palmeiras lá na frente e fez 1 a 0 aos 27, com o incansável Patrick, mais uma vez saindo da esquerda para entrar por dentro, às costas dos volantes paulistas, em uma das piores etapas do Palmeiras em 2019. Em um dos melhores tempos do desfalcado Inter.

Na segunda etapa, Mano fez o que prometera: escalou na esquerda Willian (que havia sido poupado pela série de jogos) no lugar de Hyoran. Scarpa enfim veio a campo e Dudu assumiu a responsa. Todo o Palmeiras cresceu e com um minuto já criara mais chances que nos 45 iniciais. Aos 12 empatou com Willian em golaço de canhota, a perna menos ótima dele, aproveitando raro espaço concedido pelos ótimos guris Heitor e Bruno Fuchs.

O Inter até chegaria mais na meta de Weverton a partir do empate. Mas o Palmeiras estava melhor e cresceria com Lucas Lima no lugar de Scarpa, e Felipe Melo e Bruno Henrique voltando ao nível habitual. A ponto de o capitão virar o placar aos 39, depois de o árbitro ter dado vantagem na falta (de Klaus em Willian); Bráulio Machado chegou a botar o apito na boca para marcar a infração quando viu que Lucas Lima recebeu a bola livre para ele dar a Bruno para desempatar…

Até o VAR chamar o árbitro que então reviu o lance ao lado do campo. Bráulio viu então a mão de Willian depois de ser chargeado por Klaus. Até a mudança na regra do jogo, antes do BR-19, o gol seria legal: Willian não tem a menor intenção de botar a mão na bola – que só bateu no braço dele por ter sido derrubado. Porém, com o novo texto da regra 12, qualquer toque de mão (braço) na bola em lance que origina gol tem que ser invalidado.

A questão a respeito da nova regra (de pelada) é que só houve a mão de Willian por ele ter sofrido a carga por trás de Klaus…

Questão: o princípio básico da regra do jogo de “jamais beneficiar o infrator” poderia ser usado para interpretar como vantagem concedida até o gol de Bruno Henrique?

No primeiro momento, na transmissão da TNT, na cabine do Beira-Rio, fiquei com esse espírito da regra. Mas sem convicção, confesso. Eu e mais dois árbitros FIFA pensamos igual.

Outra questão: mas a nova regra de pelada não exige que qualquer mão em lance de gol precisa ser castigada? Ela então indicaria que “a falta” de Willian invalida o lance. Mesmo ela só acontecendo pelo empurrão de Klaus, o árbitro teria que invalidar o gol – mas marcando a infração para o Palmeiras, e não fingir que não houve nada, e marcar erradamente (como fez) apenas a mão na bola de Willian, dando a bola para o Inter na saída de jogo.

Essa é a mesma opinião de outros três árbitros FIFA com quem conversei.
Qualquer que tenha sido a interpretação de campo e de VAR, o lance é muito complicado. Para a International Board debater o espírito do legislador e da regra a respeito de lances assim. É lance pra simpósio.

No campo, reitero, eu teria dado o gol. Pelo VAR, se fosse o árbitro, eu teria mantido a minha interpretação – privilegiando um dos princípios básicos da regra que é não beneficiar os infratores.

O que não se discute no lance é que o árbitro deveria marcar falta para o Palmeiras ao invalidar o lance de gol de BH.

O problema no Brasil é que a interpretação dos lances é ainda mais complexa. Por clubismo ou não. Por achismo ou não. Por ignorância ou não. Por má fé ou não.

Não é só o VAR que criou ainda mais polêmica. As muitas mudanças na regra nos últimos anos criaram outras questões ainda sem solução.

Como esse lance no Beira-Rio.

Complexo? Muito! Porque a regra não é clara como dizia o Arnaldo. E fica ainda menos com a arbitragem jabuticaba do Brasil. Aquela que só aqui se interpreta.