Às vésperas de ver a estreia do Palmeiras no Campeonato Brasileiro, nesta segunda-feira (16), contra o Botafogo, no Rio de Janeiro, os torcedores que circulam as alamedas do Allianz Parque ainda não esqueceram a suposta intervenção externa cometida pelo diretor de arbitragem da Federação Paulista de Futebol (FPF), Dionísio Roberto Domingues, no segundo jogo da final do Campeonato Estadual.
Inconformados com a anulação do pênalti marcado pelo árbitro Marcelo Aparecido Ribeiro de Souza sobre Dudu, muitos palmeirenses exigem a manutenção do rompimento de relações com a entidade até que a mesma reconheça a ilegalidade da atitude. Caso nada seja feito, são fortes os gritos dentro do Clube para que, dentre outras ações, o Palmeiras dispute o Paulista de 2019 com uma equipe formada apenas por jovens da base.
Em termos contratuais, não há nada que impeça a adoção de tal medida. Procurada pelo Nosso Palestra, a própria FPF informou, por meio de nota, que “não consta nada em regulamento quanto isso”. Ou seja, não existe nenhuma cláusula no Regulamento Geral do Campeonato Paulista que obrigue os clubes a atuarem com os seus principais jogadores.
Advogado especializado em Direito Material e Processual do Trabalho e em Direito Desportivo, Marcio Cruz explica que se um clube tiver 100 atletas profissionais inscritos na competição, a FPF não pode escolher quais os 11 ela quer ver em campo.
“A Federação pode até pedir os atletas principais. Porém, apontar quem são os atletas principais de um time seria muito subjetivo. O máximo que poderia ocorrer são represálias, uma queda de braços. Politicamente, isso realmente poderia ocorrer. Mas punição não. O maior prejuízo que o Palmeiras poderia ter, no meu modo de ver, é em relação as rendas das suas partidas, porque a torcida talvez não tenha tanto interesse em assistir aos jogos com jovens atletas profissionalizados”, explica o especialista.
Contudo, as possíveis represálias de bastidores citadas pelo advogado não assustam os palmeirenses. Membro do Conselho Deliberativo do Palmeiras, Diego Zupo foi um dos responsáveis, junto de outros nove conselheiros, por enviar uma carta ao presidente Maurício Galiotte exigindo a retirada dos principais jogadores do time na próxima edição do estadual.
“Retaliação maior do que a que aconteceu no último jogo do campeonato não existe. Estimo que a maioria do Conselho Deliberativo do Palmeiras esteja de acordo com a carta que enviamos ao presidente. O Palmeiras tem que ir até o fim. Tem que lutar contra tudo que for contra a Instituição Palmeiras. Por isso, o jogo tem que ser no mínimo anulado”, diz o conselheiro.
ANÁLISE DO TJD-SP
A partir da próxima terça-feira o Tribunal de Justiça Desportiva (TJD-SP) começará a analisar o inquérito pedido pelo Palmeiras sobre a suposta intervenção externa. Desta forma, o órgão irá ouvir os depoimentos de toda a equipe de arbitragem da partida e de outras sete pessoas a pedido do Palmeiras. A intenção do departamento jurídico alviverde é impugnar o segundo jogo da decisão.