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Ricardo Boechat

Ricardo Boechat

Esses dois caras não só vestiam as camisas de suas paixões. Eles faziam de sua paixão seu ofício. Faziam jornalismo com humor. Não se levavam a sério porque o país que cobriam não é pra se levar a sério. Quem se leva muito a sério não merece ser levado a sério. E nem precisa avisar que está falando sério. Eles são sérios brincando. E brincavam falando sério. E falavam muito bem. E escreviam muito bem. De tanto trabalhar fazendo que gostam acabaram nos deixando por fazerem o que amam. Ainda que deixando órfãos órgãos que foram ainda maiores e melhores por apaixonados como eles. Malucos como eles. Esquecidos como eles. Nisso puxei um pouco do meu Babbo e de seu amigo de Band. Na Copa 2010, logo na estreia do Brasil nos menos 600 graus de Johanesburgo, os únicos dos mais de 100 profissionais do grupo Bandeirantes que tinham perdido as luvas eram eu e ele. Fomos juntos ao Ellis Park depois de passar por dois shoppings procurando as luvas que não achamos. No meio da Copa, cheguei na redação e falei: “chupa, Boechat! Perdi o cartão de débito no caixa eletrônico hoje de manhã!” . Ele respondeu: “chupa, Mauro Beting. Eu perdi ontem à noite!”. Ele era assim. Um apaixonado romântico por tudo e pela Veruschka dele. Mas ainda assim um atrapalhado que só às 23h30 do dia dos Namorados no Brasil foi lembrado da data quando eu o cutuquei. E como mandar as flores online para a mulher, e naquela madrugada gelada da África do Sul, e pelo celular dentro do carro? Deu certo. Mas às custas de telefonemas de escusas e de juras. Sempre com a verve certa, os verbos corretos, e o que há de melhor. O humor. Um exemplo. Um amigo. Uma pessoa muito importante agora e sempre. Pra sempre.