Em 14 de agosto de 1994, pelo Brasileirão que seria vencido no final do ano pelo Palmeiras, estreava na vitória por 4 a 1 contra o Paraná aquele que seria eleito o maior jogador do mundo da Fifa, em 1999, quando encantava pelo Barcelona. Um dos três melhores da Copa de 1998, quando foi vice. Um dos três melhores do Mundial de 2002, quando foi campeão. Poderia ter sido também tetra, em 1994, quando um mau semestre pelo Corinthians o desvalorizou e ele acabou fora da Seleção de Parreira. Facilitando, então, para a Parmalat pagar em agosto US$ 2,4 milhões para o Mogi Mirim pelo substituto tanto de Rincón quanto de Edilson no time de Wanderley Luxemburgo. Um dos maiores acertos do clube por um dos maiores camisas 10 do Palmeiras. Camisas 11. Que fazia gols como 9. Que jogava por todos.
Rivaldo é alto, desengonçado e calado. Enquanto caminha, é difícil acreditar que ali, do fim do túnel, está vindo um dos maiores jogadores do Brasil em todos os tempos. Uma coisa é o cimento, outra é o gramado. Quando entrava em campo, Rivaldo mal dava tempo à descrença. Ele driblava, arrancava, chutava e lançava com tamanho talento que foi protagonista do Brasil em duas Copas. Craque de caráter que crescia em jogos decisivos. Como fez nas finais do Brasileiro de 1994, contra o Corinthians, clube onde atuou por um ano depois de ter feito em um ano e meio de Mogi Mirim mais que todos em décadas do clube.
Revelado pelo Santa Cruz, saiu da base do time em 1992 para fazer uma carreira que só acabou em 2014, quando atuou por alguns minutos com o filho pelo Mogi Mirim (quando ele presidia o clube, em 2014). Fez gol do meio-campo pelo Mogi, em 1993. Fez gol de bicicleta de fora da área pelo Barça. Fez parte do segundo time que mais fez gols em uma temporada do Palmeiras – o timaço de 1996 que não foi mais o mesmo quando ele foi negociado com o La Coruña. Fez de tudo e por todos. E ainda era criticado por não fazer mais na Seleção…
Por ser genioso, na dele, avesso ao marketing, Rivaldo sempre se sentiu injustiçado. Não deveria. O que ele deixou no coração de milhões de torcedores vai durar muito mais do que alguns meses de uma campanha na TV. Vai resistir por gerações.
Rivaldo é homem de palavra. Humildade como deve ser – virtude. Vontade de jogar bola admirável como a técnica, a capacidade tática, a superação física.
Não conseguia parar de jogar como profissional. Um cara de espírito amador jamais vai parar. Ele ama. Nunca será esquecido pelos dribles, lançamentos e gols. Pelos jogos duros do Brasil que ajudou a descomplicar, contra Dinamarca e Holanda, em 1998, Bélgica, Inglaterra e Alemanha, em 2002. Pelos jogos brilhantes que fez em dois anos de Palmeiras.
Rivaldo simplificava as coisas pelo complexo dom de ser simples.
Rivaldo Vito Borba Ferreira
Paulista (PE), 19/4/1972
Meia-atacante
Palmeiras, de 1994 a 1996
126 jogos, 67 gols
1 Brasileiro (1994)
1 Paulista (1996)