Na apresentação de Roger Machado como treinador para 2018 (oremos para que seja até o final), ele repetiu o que se sabe – e ele sabe muito: embora pratique um futebol de conceitos “modernos” (na boa acepção do termo), ele gosta mesmo é de “voltar para trás”. De repetir práticas e táticas do futebol brasileiro dos anos 70 e 80 com a bola nos pés, de aprender a ser mais italiano para se defender.
Para ser tão claro quanto ele foi: ele pretende emular o espírito e os resultados da Segunda Academia do Palmeiras, a multicampeã de 1972 a 1974. Aquele Palmeiras de Ademir da Guia. Tão técnico e talentoso quanto tático e prático. Um timaço que goleava por 2 a 0. E olhe lá. Uma equipe que levou apenas 13 gols em 40 jogos no bi brasileiro de 1973. A base da Seleção na Copa de 1974, com seis atletas bem selecionados por Zagallo, e muito mal aproveitada na Alemanha.
Roger sabe o que fala, sabe o que faz, e tem ótimo gosto. É um treinador que gosta do jogo bem jogado como aquele. E sabe que para consegui-lo é preciso tempo. Algo que espero que se dê para que ele faça uma equipe que, como ele mesmo disse, honre o hino: defesa que ninguém passa, linha atacante de raça.
Mas não só raça. É preciso ter graça. E ele sabe a respeitar. Conhece a história que pretende resgatar. História que ele quase fez pelo Palmeiras, em 1995, como contou na primeira entrevista: Roberto Carlos o indicou quando ele foi em setembro para a Inter. Mas não rolou. Como não rolaria em 2008, quando Wanderley Luxemburgo também o quis, mas ele preferiu se aposentar.
Roger que era o primeiro nome para substituir Cuca há um ano. Mas como o treinador já havia se acertado com o Galo, não rolou. Agora ele não era o primeiro que foi Mano. Era o segundo ao lado de Abelão. E pode ser um grande nome se a gente olhar para trás como ele e também aprender a ter paciência.
Para ele montar uma equipe boa de ver e de torcer, competitiva e equilibrada, todos precisam de equilíbrio.
Todos nós.