No meio da semana, em Porto Alegre, pela Copa do Brasil, o Grêmio abriu 2 a 0 com 32 minutos. No segundo tempo, Zé Roberto diminuiu de pênalti. Jeitão de jogo e marcha do placar parecido com a semifinal da Copa do Brasil de 2015, no jogo de ida contra o Tricolor carioca. Mas, então, era outra história. O Grêmio queria a Copa que não vencia desde 2001 (e foi campeão no final do ano). O então campeão do torneio queria o nono título brasileiro. Para alegria do meu Nonno.
Tristeza mesmo foi a morte do pai de Thiago Santos, na véspera da derrota no Sul. Mas esse é outro forte que superou limitações e desconfianças e atuou muito bem no BR-16. Até quando não jogamos bem. É outro mérito desse time. No Brasileiro, quando jogou bonito, venceu muito bem. Quando não atuou tão bem, seguiu ganhando.
Mas tem uma coisa nos últimos anos que tem sido mais palmeirense que campeonatos nacionais: a capacidade de nos fazer sofrer. Tem rival que enche a boca para dizer que é sofredor, graças a Deus. Eles são meio masoquistas. E tem os palmeirenses que sofrem sem querer. Somos todos.
O Palmeiras tem uma capacidade impressionante de enfrentar em todos os jogos o Barcelona de Messi. E no Camp Nou.
Mais impressionante ainda que, contra o Barça e outros gigantes, capaz de o Verdão vencer como o maior campeão nacional que é; contra equipes de menor investimento, o Palmeiras eleva os rivais a um nível de futebol melhor do que o normal, acaba sofrendo, como pareceu fazer questão de perder o jogo que mereceu vencer no Arrudão.
O Santa Cruz fez sua melhor exibição em meses, com salários atrasados, e muita vontade de atrapalhar o líder. O Palmeiras sem o suspenso Dudu e os convocados Mina e Barrios demorou a se encontrar em campo até Zé Roberto marcar um gol de imensa categoria, aos 34. Eu acabara de cornetar que ele ainda não havia se acertado voltando a jogar no meio-campo e, seis segundoS depois, golaço… Tome!
No intervalo, Doriva abriu o jogo e empatou, aos 11. O Palmeiras voltou ao futebol e ganhou o segundo gol na bobeada tricolor, com Leandro Pereira, outra aposta que deu certo e sorte com Cuca, aos 22. Três minutos antes de Grafite empatar de pênalti discutível como outros dois do primeiro tempo (que eu também não marcaria). O anotado pelo árbitro foi o mais ”marcável”.
Mas ninguém marcaria tanta bobeira quanto o sistema defensivo pernambucano. Passe preciso de CX10 para Róger Guedes acertar o chute mesmo com o gramado irregular, aos 38.
E a partida seguir na base do bumba-meu-porco em ritmo de frevo. Lances lá e cá no ritmo frenético de um jogo mais emocionante que de bom nível. De mais uma partida que se pode discutir a qualidade do futebol do Palmeiras. Mas não a liderança. Voltaram a ser três pontos à frente do Flamengo.
Mas além deles que seguem o líder, má parte da imprensa parece que adora perseguir o clube. Há décadas: mal acabou muito bem o jogo para nós no Recife, um jornal publicou: ”Palmeiras vence e tenta afastar retrospecto negativo na liderança”.
Palmeiras chegava há 11 rodadas na liderança. Das 28 do Brasileiro ele liderou 19. Abriu três pontos no mais equilibrado campeonato dos últimos anos. É o maior campeão nacional, desde 1959. Mas, para a edição do jornal, ainda precisa ”afastar retrospecto negativo na liderança…”.
De fato, em 2008 e 2009, o Palmeiras liderava e ficou pelo caminho. Mas é absurdo e sem noção levantar a dúvida depois da vitória do melhor visitante do Brasileiro sem lembrar o retrospecto das Taças Brasil de 1960 e 1967, do Robertão de 1967 e 1969, do BR-72, BR-73, BR-93 e BR-94.
Só depois de lembrar 2008 e 2009 o jornal falou do jogo. Aí é demais.
Clubismo não é assumir o time pelo qual torce. Clubismo é não disfarçar o que distorce contra quem não torce.