De todas as maneiras de sentir saudade, a pior é a de algo que nunca aconteceu. É inexplicável: você sente o vazio impreenchível. Busca maneiras de suprir o buraco existencial em que se enfiou, mas não encontra o motivo. Pode ter se colocado nessa situação por sonhar tanto com alguma coisa que, mesmo não se consolidando, fica viva dentro da gente. Não há o que substitua, amenize ou esvazie a saudade do que nunca existiu. Você sabe que ela vive, que ela está lá, mas não tem ideia de como tirar. É como se ficasse em uma gaveta velha, de um móvel velho no porão de casa, que você precisa passar sempre por perto. Impossível de de trocar de lugar, de sacudir a poeira.
Hoje acordei assim. Manhã nublada, frio em São Paulo e saudade dela. Conheci a Bruna no final de 2013. Ficamos juntos até fevereiro (acho). Poucos meses para dizer que acabou algo que nem chegou a começar. Não sei se gostei mais dela ou do que imaginei dela. Não deu tempo de discutir, de contradizer ou de irritar. De lamentar, se entristecer ou se iludir mais. Mas sempre tive certeza do nosso encaixe. Talvez tenha sido a segunda maior paixão, a que mais sonhei, que mais planejei. Bruna volta ao meu contexto em qualquer beijo ruim, papo furado ou desilusão com novas mulheres. Bruna é o nome da minha saudade do que nunca aconteceu. Vivemos momentos doces.
Mas nem tão doces quanto o chocolate que eu imaginei hoje cedo, na padaria. Para quem não sabe, emagreci dez quilos nos últimos três meses. Tenho feito uma dieta bem regrada que não me possibilita nem sonhar com a hipótese de comer açucarados. Mas voltando: fui comprar pão e vi na prateleira o chocolate. Era novo, embalagem nova, cara boa. Quase comprei, mas resisti. Foi difícil. Tinha machimelo e eu não queria dizer que tinha machimelo porque eu não sei escrever machimelo. Ma-chi-me-lo. Tá certo? Sinto falta do tempo em que eu sabia escrever machimelo. Enfim, esse chocolate é a prova de que a saudade do que nunca aconteceu quase sempre é salgada. A gente imagina algo doce e não se concretiza. Azeda. A ilusão é como pão de mel. A realidade é como mortadela estragada. E a vida é piegas. Tá bom, vai. Metáfora horrorosa. Eu exagerei.
Vira e mexe vejo textos maravilhosos e fico com saudade de escrever algo que eu nunca escrevi. Tento, tento, tento e o máximo que sai é isso: amores não amados, comidas não comidas e textos indo do nada para o lugar nenhum. Que fase, companheiro. Saudade daquele tempo em que eu… Que tempo? Bom, vamos esquecer isso também.
No Palmeiras, queria ver Veiga e Hyoran atuando mais.
Para saber se eles jogam tão bem na vida real quanto atuam nos meus sonhos palestrinos.
Que saudade eu tenho de ver jogando quem ainda nem jogou pelo Palmeiras.