A sua mãe Letícia disse que há três anos em Chapecó seu pai Danilo o beijou levemente para não o acordar, Lorenzo, e foi para São Paulo enfrentar o Palmeiras, antes de ir para a Colômbia na decisão da Sul-Americana contra o Atlético Nacional.
Você disse ontem para a sua mãe que, na apresentação na sua escolinha, só o seu pai não estaria lá. Mas que o Danilo o estaria vendo lá do céu. Como faz todos os dias.
Lorenzo, eu vi seu pai jogar bem como sempre naquela tarde de 2016 no Allianz Parque. Só não defendeu uma bola. A que deu muita alegria para milhões. E, no fundo, também para o maior amor do Danilo que é a sua mãe.
No ano passado, antes da partida de festa contra o Vitória no BR-18, eu fui apresentar o vestiário do Palmeiras para vocês. Foi emocionante como sempre é. Na saída para o campo, quando você saiu correndo e a sua mãe e os seus queridos tios Cyntia e Danilo (o nome do seu pai) vieram atrás comigo, olhei para a porta ao lado, do último vestiário de onde saiu seu pai.
Segurei o choro como estou fazendo agora até olhar para a sua mãe, que olhava e pensava o mesmo. Mas com um sentimento e uma saudade que só o amor sabe e conforta.
Quando tocou o hino do Palmeiras e pudemos subir para o gramado, você subiu as escadas e o pessoal da CBF foi muito bacana ao deixar vocês dois entrarem no último campo do Danilo. Você, Lorenzo, saiu ainda mais correndo como sempre para ir à meta do Gol Sul. A última defendida por seu pai.
Sua mãe foi atrás de você. Confesso que não vi mais nada. Mas enxerguei tudo quando lembro que amanhã, Lorenzo, faz sete anos também que meu pai só me vê do céu. No mesmo dia. Ele partiu quatro anos antes do seu. No mesmo dia. Eu soube disso quase no mesmo minuto em que o mundo perderia o seu, quatro anos depois.
Amor e dor não se comparam, Lorenzo. Não tem maior e nem menor. Mas o que posso dizer para vocês, Letícia e Lorenzo, é que o Danilo não era ótimo goleiro por acaso. Era porque ele sabia que iria ganhar a vida dele e os amores da vida como precisava segurar a bola e vocês dois do melhor modo possível.
Abraçando.
Aqui de longe, mas sempre mais perto pelo nosso Palmeiras, aquele abraço para vocês dois.
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