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Saudades d’ocê

Saudades d’ocê

Não se admire se um dia, meu, um torcedor invadir a porta da tua casa, te pedir uma foto e partir. Faz tempo que eu não te vejo, Palmeiras, ai que saudade d’ocê.

Me desculpe, Zeca, Vital, Geraldo, todos vocês que deram vida e voz a essa poesia que brindou o Brasil nos idos da já moderna literatura brasileira no país que patinava no regime militar quase vencido, mas ainda venenoso, por me apropriar de suas linhas e direcionar ao time que tanto faz falta a mim, aos meus.

Apropriações nunca são positivas. Médici deixou João sem Medo fora da Copa do Mundo de 70 e viu Zagallo com Dadá, o homem que foi outorgado na seleção nacional, ser tri do mundo.

Zeca viu de casa. Viu do sofá. Em tempos cuja sombra ainda é nublada, estamos cá vendo o Brasil sagrar campeões enquanto fazemos a via sacra da pipoca, da cerveja e da melancolia.

Nunca é fácil estar de fora. Reinaldo, o craque do Galo, um genial dono da pequena área, não foi à Copa. Afonsinho, do Fogão, tampouco. Militaram contrarianente a quem mandava. Calaram-se o futebol que falava alto. Não faltava competência. Sobrava talento. Sobraram por serem tanto. Antes fosse esse o problema de quem hoje deixa saudades no texto.

Por mais que competência não tenha acompanhado o nosso time, e nem o sistema o impedido de trabalhar, a sina da bola, não estamos lado a lado com ocê, Parmera. Porque fizestes, diria Gil, tão mal pro meu coração que te quer tão bem?

Restam dias e dias sem te ver, fazer o quê? Mas deixo minha receitinha de bolo para disfarçar minha vontade de cortar o tempo:

“E se quiser recordar, aquele nosso namoro
Quando eu ia viajar, você caía no choro
Eu chorando pela estrada, mas o que que eu posso fazer se trabalhar é minha sina..”

Escrever é meu trabalho e a verdade é que eu gosto mesmo é d’oce.