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Sou italiano carcamano, Nossa Senhora Aparecida

Sou italiano carcamano, Nossa Senhora Aparecida

SOU ITALIANO CARCAMANO NOSSA SENHORA APARECIDA.

(Craque Renato Teixeira é Santos. Mas ele vai permitir contar essa história de família Palmeiras).

Leonel Mastandrea era filho de imigrantes quando nasceu em 1923. Em 1932 conheceu o primeiro amor. O Palestra Italia.

– Amor à primeira vista – explica a neta Roberta, 36 anos. Filha de Rosaria, e sobrinha de Mário e Roberto – Meu avô levava os filhos em todos os jogos. Passou o amor ao Palmeiras, as lutas e glórias para os três. Tempos vitoriosos, décadas de 1960 e 70.

No jogo das faixas de campeão paulista de 1976, o Corinthians perdeu por 2 a 1. Mas ganhou a arquibancada por 10 anos o grito de “porcooooooo” que calava fundo nos palmeirenses. O time estava vencendo por 10 a 1. Bastava um grito de “porcooooooooo” para emudecer o Palestra. Assim foi até 1986. Quando assumimos o bicho. Justo contra o Santos.

Tivesse o palmeirense aceitado antes o nosso inegável espírito de porco, o tio de Roberta não teria morrido aos 25 anos. 1979. Ele briga com um rival que nos chamava de porco. Um canivete no peito tira a vida de Mário.

O mais velho e mais irritado dos Mastandrea morreu por defender o Palmeiras. O amor da família ficou maior. Explica Roberta:

– Em 25 de março de 1980 nasci. Saí do hospital com o manto sagrado. Minha mãe e meu pai fizeram questão de morar com meus avós para dar apoio após a perda de um filho. Cresci também ouvindo grandes histórias, grandes batalhas, a Arrancada Heroica de 1942, o time representando a seleção do país em 1965. Tudo isso meu avô viveu e contou. Deixou de herança. Passei 13 anos da minha vida só vendo o nosso Palmeiras sendo campeão nos contos do meu avô, da minha mãe e do meu tio Roberto.

Mas tudo mudou em 1993. Muita alegria até 2000!

O avô morreu em 2001. Não viu a primeira queda. O pai de Roberta morreu em 2005. Não viu a segunda queda.

– A família foi diminuindo. Restaram minhas primas, minha mãe, minha irmã e meu tio Roberto. Em 2008 me casei, também com um palestrino (não tinha como não ser), tive dois filhos. Gabriela, hoje com 8 anos e Eduardo. Na véspera da final da Copa do Brasil de 2015 ele fez aniversário.

Na hora de soprar a vela, Eduardo, seis anos então, pediu o título do Palmeiras.

– Fomos em praticamente todos os jogos da Copa do Brasil no Allianz Parque. Faltou um. Palmeiras 2 x 1 Cruzeiro. Meu tio Roberto foi torcer lá do céu naquele mesmo dia ao lado do irmão e do pai. Ganhamos, mas perdi meu tio. A única felicidade num dia triste.

SE HÁ SORTE EU NÃO SEI, NUNCA VI

– Em 2014 ganhei um escapulário. De um lado é o símbolo do nosso time, e do outro, Nossa Senhora Aparecida. Sempre me acompanha nos jogos. Contra o Fluminense, quando fomos para a cobrança de pênaltis na semifinal da Copa do Brasil, me ajoelhei entre as cadeiras do Gol Norte e fiz uma promessa: se ganhássemos ali e depois fossemos campeões, eu iria até o Santuário, entraria de joelhos na basílica com a nossa bandeira e a deixaria lá na sala de milagres.

ME DISSERAM, PORÉM, QUE EU VIESSE AQUI

PRA PEDIR EM ROMARIA E PRECE

PAZ NOS DESAVENTOS

COMO EU NÃO SEI REZAR, SÓ QUERIA MOSTRAR

MEU OLHAR, MEU OLHAR, MEU OLHAR

Quarta-feira de dezembro de 2015. Final da Copa do Brasil. Marido e filhos com Roberta. Ela falou para as crianças:

– Vocês são privilegiados. Vão ver ao vivo e de bem perto nosso time levantar a taça e ser campeão.

Dudu. 1 a 0. Dudu. 2 a 0. Roberta se ajoelha e agradece a graça do tricampeão. Está orando enquanto Ricardo Oliveira leva o jogo para os pênaltis.

– Perdi o gol deles, mas não perdi a minha fé. Olhei novamente para minha santa e pensei: tá bom, vai ser difícil, mas tudo bem. Vamos ganhar. Eu acredito.

ILUMINA A MINA ESCURA E FUNDA

O TREM DA MINHA VIDA

Pênaltis. Zé Roberto! Fora! Rafael Marques… Prass! Jackson! Não importa. Cristaldo, nunca critiquei! Tanto faz.

PRASS! TRI!

– Ver a emoção dos meus filhos, do meu marido e daquela torcida toda, que sofre tanto, como dizia seu pai, não tem explicação. Para nós palmeirenses, é desnecessário. Olhei para o céu e agradeci à Nossa Senhora! Orei em memória daqueles que estavam fazendo a festa no céu! Fiquem felizes aí porque somos campeões e a festa aqui está linda demais!

COMO EU NÃO SEI REZAR, SÓ QUERIA MOSTRAR

MEU OLHAR, MEU OLHAR, MEU OLHAR

– E quando estávamos indo embora, nas escadarias da saída da arena, no meio daquele mar verde, daquela multidão, meu filho para e fala pra mim: “Espera mamãe, espera! Olha aqui o que eu achei pra você!”

Ele não sabia da minha promessa. Ninguém sabia.

A foto do post mostra a imagem da santa que ele achou caída pelo Allianz. Ela com o escapulário da mãe.

É DE SONHO E DE PÓ

– O pedido de aniversário do meu filho aconteceu. Nossa Senhora Aparecida… Muito obrigada! Eu sei que Ela estava lá conosco. A família Mastandrea agradece. E toda família palestrina também!