Notícias Palmeiras

Teste do pezinho quente

Teste do pezinho quente

 

Três gerações da família Bocci foram juntas pela primeira vez ao Allianz Parque. E ganharam um jogo eterno

Poços de Caldas é Sul de Minas, mas parece São Paulo. Pertinho da paulista São João da Boa Vista que tem um Palmeiras que é preto e branco… Tudo tão perto e distante. Como o Palmeiras da nossa vida. E do seu Alfredo Bocci. Pai do Armando Bocci Neto. Palmeirenses que sempre foram a Mogi Mirim ver o Palmeiras jogar. Para inveja do neto Rafael Belchior Bocci. Do baixo dos seus seis, sete anos, ele queria ir com o pai e o avô ver o Verdão da família jogar ali não muito longe de casa.

– Um dia a gente vai junto, filho.

Prometeu sempre o pai. Enquanto não cumpriu, o pequeno Rafael assistia pela TV aos jogos em Mogi Mirim. Mais que ver o Palmeiras, ele tentava ver a camiseta regata do pai Armando na arquibancada. Rafael e os primos buscavam o tio e o avô na televisão.

Nunca viram. E nunca viram os três juntos no estádio o nosso Palmeiras. Até que o neto entrou em campo em 2017. Comprou quatro ingressos para o dérbi do turno do Brasileiro. Mais um para a Daniele Soares de Lima, namorada do Rafael. Ela não era palmeirense. Mas de tão intensos são os Bocci, seria insano se ela não viesse para o lado verde da força. Hoje canta o Hino. E carrega o novo amor no peito. Ou melhor…

Uma semana depois de comprar os ingressos para o clássico em São Paulo, Daniele e Rafael souberam que teria mais um não-pagante no borderô. No primeiro jogo em que três gerações iriam ao estádio juntas em 27 anos, a quarta geração dos Bocci entraria em campo.

O avô Alfredo já tem uma bisneta. O pai Armando ainda não sabia que seria avô. Sérgio Ortiz, da Forza Palestrina, arrumou na Academia Store o primeiro macacão alviverde da criança. Alessandra Colturato, da TV Palmeiras/FAM acompanhou os quatro, ou melhor, cinco gerações na chegada ao Allianz Parque. Procure no canal a reportagem. E, como a repórter, não segure a emoção. Explicar, você sabe, é desnecessário. Como até a TV Globo mostrou a bela história.

 

Sentados o casal, o pai e o avô nas cadeiras do estádio que eles então conheciam, Rafael conta ao bisavô que ele vai ganhar mais um bisneto. Conta em seguida ao pai que ele será avô pela primeira vez. O futuro pai ganha um abraço tão gostoso como o que pai e filho se deram depois da vitória contra a Chapecoense, em 2016.

– O abraço que ganhei do meu pai ali no Allianz é um abraço onde eu ficaria pro resto da minha vida. Abraço de pai é muito bom… Mesmo com 27 anos, é maravilhoso ter alguém assim tão presente como ele. Espero ser a mesma coisa para o Arthur ou para a Mirella…

Ainda não se sabe se Daniele e Rafael terão um palmeirense ou uma palmeirense. O exame do pezinho ainda não se fez. Pode não ter sido tão quente na estreia na barriga da mãe. Mas quando a criança começar a chutar lá dentro, sem medo de errar o alvo, já se sabe que o Rafael vai cornetar o próprio filho. Afinal, somos assim. De pai para filho. De bisavô para bisneto. Se o Palmeiras está ganhando de 8 a 0, como no dérbi de 1933, “por que não de nove”? E se não estamos ganhando, “ninguém presta. Manda todo mundo embora”!

Sempre foi assim, Arthur. Mirella, se prepare. A sua mãe Daniele já foi convertida ao mesmo credo que batizou Rafael. É herança genética. De uma família que só viu uma vez o Palmeiras no estádio. E você já viu milhões de famílias Palmeiras assim. Não precisa estar em casa para se sentir do lar. Não precisa ser da capital ou mesmo ter capital para frequentar sempre para ser mais Palmeiras. Não somos mais. Nem menos. Somos Palmeiras. Basta.

Não deu para ganhar o primeiro jogo das quatro gerações. Mas a vida já está ganha quando o sangue é o mesmo. Verde.