SP-80. 10 de agosto. Manhã de domingo em São Paulo. Erro de Mococa, que jogou tudo em 1979 e nunca mais a partir de 1980, e gol de Parraga, atacante da Francana, aos 43 do primeiro tempo. Futuro treinador interino do Palmeiras 30 anos depois, ele fez o gol da vitória da equipe de Franca, a pior do primeiro turno.
Era o primeiro jogo do returno. O último de Oswaldo Brandão no Palmeiras em que foi médio-direito medíocre nos anos 1940 e um dos maiores treinadores da história. Ainda é o técnico que mais dirigiu a equipe, desde 1945. Mas não iria dirigir mais.
Na saída do estádio, com menos de 9 mil no Palestra, a corneta soava forte. Torcedores, segundo reportagem da FOLHA DE S.PAULO, criticavam a ausência de Vanderlei no lugar de Pires, de Romeu no de Baroninho, e Nei, único remanescente da Segunda Academia de Brandão campeã de quase tudo.
Nove titulares daquele futebolixo de agosto de 1980 – que acabaria na 16ª posição no estadual (a nossa pior) – faziam parte daquele time espetacular do segundo semestre de 1979. Aquele montado por outro mestre, Telê Santana, que em fevereiro de 1980 assumiu a Seleção exatamente pela qualidade do futebol jogado pelo Palmeiras no SP-79 e BR-79.
Mas não mais em 1980. Difícil explicar. Rosemiro e Pedrinho já não voavam pelas laterais. Gilmar já não tinha a mesma segurança na meta. Beto Fuscão não era mais aquele zagueiro de seleção. Pires perdera o ritmo. Jorginho saiu lesionado nesse jogo e não se achava. César perdera o faro de gol. Baroninho só batia faltas. Mococa parecia abduzido. Só não estavam na equipe de 1979 Polozi e Jorge Mendonça (negociado). Eram os mesmos nomes. Mas jogando um futebol inominável.
“É uma vergonha o que estamos jogando”, disse Beto Fuscão”, com a concordância do corneta-mor Capitão Nicoli. Pedrinho: “Esquecemos de jogar futebol”. Um diretor do clube achou o culpado: um mascote que dava azar quando entrava em campo… O diretor de futebol Arnaldo Tirone disse que o meia Freitas, que jogou tudo pelo Coritiba no BR-80, “não mostrou a que veio no Palmeiras”…
O presidente Brício Pompeu de Toleeo deixou a tribuna de honra antes do final do jogo. Já dando a letra. Dificilmente o treinador seguiria no Palmeiras. Ainda mais porque, no jogo anterior, levara um vareio do São Paulo, no Morumbi. 0 a 4.
Mas era Dia dos Pais. Como podia o maior paizão da nossa paixão ser demitido nesse domingo de cinzas? Justo ele que havia perdido anos antes o filho… E que tratava todos os seus elencos assim. Aos tapas e beijos. Puxões de orelha e castigos. Prendas e presas. Como filhos ou afilhados.
Foram 9 vitórias, 10 empates e 10 derrotas, estreando em abril de 1980 com goleada para o Flamengo por 6 a 2, e saindo derrotado para a Francana em casa, em agosto.
Na segunda, 11 de agosto, a cartolagem do Palmeiras fez de tudo para convencer Brandão a se demitir. Ele insistiu que era possível mudar aquele futebol paupérrimo. Acabou demitido às cinco da tarde. Pela primeira vez na história dele no clube.
Nunca mais voltou ao Palmeiras. Mas ele jamais sairá da nossa história.
Só não merecia sair assim. O nosso maior paizão nos deixar no Dia dos Pais.