Depois da viagem do Palmeiras pela América Central, o elenco voltou a treinar na Academia de Futebol, em São Paulo. Foram dois dias de atividades até agora e meus olhares ficaram voltados para as reações do atacante Dudu durante os treinamentos que aconteceram no gramado. Procurei observar o comportamento do jogador depois da proposta milionária da China que mexeu com ele, mas foi rejeitada pelo Palmeiras.
No primeiro dia do elenco em São Paulo, Dudu chegou ao gramado acelerado. Sorrindo, ele conversou com boa parte dos jogadores. O preparador físico Omar Feitosa dividiu os atletas em blocos diferentes para a corrida em volta do gramado, cada qual com os companheiros de seu setor. Entre os atacantes, Dudu era o mais falante e disposto. Mesmo trotando, falava com os companheiros e sorria. Quando soou o apito final, continuou a resenha por mais alguns minutos no gramado e depois deixou o campo com semblante tranquilo. Não parecia ter se abalado com a negativa do Palmeiras para a milionária proposta chinesa.
Em compensação, nessa quarta-feira pela manhã, Dudu estava completamente diferente. O jogador chegou ao gramado caminhando lentamente sozinho. A atividade era técnica e envolveu um coletivo, no qual Dudu se movimentou, criou, mas não deixou o semblante fechado de lado. Quando o treinamento era paralisado, Dudu se fechava. Algumas vezes colocava as mãos no bolso, abaixava a cabeça e caminhava lentamente aguardando as próximas coordenadas do técnico. Assim que soou o apito final, ele deixou o gramado. Gravou rapidamente algumas mensagens no celular de um torcedor, conversou com sua assessoria pessoal e foi para a parte interna do CT. Hoje, sim, Dudu parecia abalado com algo.
Não foi possível conversar com o atleta em nenhum dos dois dias, mas foi possível observar os diferentes comportamentos nesse curto espaço de 48 horas. É impossível mensurar por qual motivo Dudu parecia tão contente na terça-feira e tão desanimado na quarta-feira, porém é permitido cogitar que o atleta esteja vivendo uma montanha-russa de emoções, decisões, conversas e reflexões.
A janela chinesa fecha nessa sexta-feira, portanto o Shandong Luneng tem poucas horas para convencer o Palmeiras de que um negócio valerá a pena, já que as últimas duas propostas pelo atleta, de 12 milhões de euros e de 15 milhões de euros, foram recusadas por conta do planejamento do clube para a temporada. Na concepção do Palmeiras, não há peça de reposição à altura de Dudu no mercado e o acordo selado com o jogador no começo do ano, envolvendo renovação contratual e valorização, tem de ser mantido: Dudu não sai por dinheiro algum até o final de 2018. Com o fechamento da janela, o fim do caso está próximo. Vale continuar observando como Dudu, campeão da Copa do Brasil 2015 e do Brasileirão 2016, vai reagir nos próximos dias.