A instabilidade defensiva do Palmeiras neste primeiro semestre obrigou o diretor de futebol do Clube, Alexandre Mattos, a correr ao mercado em busca de reforços. E o nome escolhido pelo dirigente para colocar fim, ou amenizar, às falhas do setor é o do argentino Nicolás Freire, também conhecido como Nico Freire, de 24 anos. O jogador era desejado pelo Boca Juniors, da Argentina, para a sequência da Libertadores.
Revelado pelo Argentinos Juniors, o defensor estava no PEC Zwolle, da Holanda, e chega por empréstimo de um ano, com prioridade de compra ao Palmeiras. Para ficar com ele em definitivo, o Alviverde terá que desembolsar 3,5 milhões de euros (R$15,4 milhões).
Profundo conhecedor do futebol argentino, o jornalista Joza Novalis, editor do site Futebol Portenho, define o novo contratado palmeirense como um defensor bastante promissor.
“Trata-se de um zagueiro canhoto, o que é raro de se encontrar atualmente. Por isso (ser canhoto) ele tem mais facilidade para jogar de zagueiro central sem perder qualidade. É um atleta rápido e pode atuar também como lateral-esquerdo. No Argentinos Juniors, por exemplo, ele era colocado de lateral e não decepcionava. Tem algo a melhorar no jogo aéreo, mas é muito bom na antecipação e na cobertura”, detalha Joza.
Antes de chegar às categorias de base do Argentinos Juniors, Nicolás Freire passou pela Comision de Actividades Infantiles (CAI), um pequeno clube de Comodoro Rivadávia, na Patagônia.
“Ambas as canteras (categorias de base) trabalham muito todos os aspectos de um jogador. Isto garante que, ao menos em termos de potencial, Freire é um jogador bem interessante e técnico”, acrescenta o jornalista, que está otimista quanto ao desempenho do argentino no Palmeiras.
Espírito de liderança
Repórter do Diário Olé, da Argentina, e setorista do Argentinos Juniors, Lucas Arenas conta que Freire é um zagueiro bom com a bola nos pés e que sabe sair jogando muito bem. “Ele é alto, bom em bolas paradas e sabe como sair jogando. No Argentinos, ordenou a defesa bem. Ele era o líder e o capitão da equipe”, diz.
Para Arenas, a maior dificuldade de Freire no Palmeiras pode estar na pressão de jogar em um grande clube. E isso deve-se ao fato do zagueiro ter se destacado no Argentinos durante a Primeira B Nacional – segunda divisão do Campeonato Argentino -, mas pouco ter atuado na elite do futebol do seu país, devido à venda ao City Group Football, em junho do ano passado. “O Palmeiras é o primeiro grande time em que ele vai jogar”.
Ainda de acordo com o repórter do Olé, Freire não é um jogador violento. Tanto que tem apenas um cartão vermelho na carreira. “Ele também recebe poucos cartões amarelos. Faz uma quantidade normal de faltas para um defensor central”, diz Arenas.
Em sua conta no Instagram, Freire publicou uma mensagem de despedida aos companheiros, dirigentes e torcedores do Zwolle. O jogador deixou a Holanda na segunda-feira (25) com destino a Buenos Aires.
Ele é aguardado no Palmeiras para a realização de exames médicos. Se aprovado, o defensor deverá seguir, nesta quinta-feira (28), com a equipe em excursão à América Central, onde o time enfrentará o Deportivo Arábe Unido, do Panamá, o Independiente Medellín, da Colômbia, e o Liga Alajuelense, da Costa Rica.
City Group Football
Freire tem os seus direitos econômicos vinculados ao City Football Group, um consórcio esportivo cujos os donos são os bilionários sheiks Mansour bin Zayed Al Nahyan e Khaldoon Al Mubarak, ambos dos Emirados Árabes.
O grupo tem 100% das ações do Manchester City, da Inglaterra, do Melbourne City, da Austrália, do Guayaquil City, do Equador, do Clube Atlético Torque, do Uruguai, além de porcentagens de outros três times do mundo. A intenção dos empresários do consórcio é rodar o jogador para valorizá-lo, e ganhar experiência para caso Josep Guardiola queira tê-lo no elenco da equipe inglesa.