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Weverton revela volta às origens todo ano e dificuldades no Palmeiras: 'Paguei o preço'

Nascido no Acre, goleiro falou sobre seu início no Maior Campeão Nacional, quando era reserva e buscava espaço na equipe

O arqueiro repetiu o feito de Marcos e conquistou a Libertadores sendo decisivo pelo Verdão (Foto: Cesar Greco/Palmeiras)
O arqueiro repetiu o feito de Marcos e conquistou a Libertadores sendo decisivo pelo Verdão (Foto: Cesar Greco/Palmeiras)

O goleiro Weverton é um dos melhores do Brasil e um dos principais do Palmeiras desde a fundação do clube. Figura recorrente na Seleção Brasileira, o atleta é um dos que devem pintar na convocação de Tite para a Copa do Mundo no Qatar. No entanto, a história do arqueiro nem sempre contou com o luxo do centro de treinamento palestrino e da Amarelinha.

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Nascido no Acre, o jogador começou jogando bola na sua cidade natal, como atacante. No entanto, mudou completamente de posição por necessidade e se destacou jogando nos campos de barro de Rio Branco. Agora, mesmo vivendo seu auge com 34 anos, o ídolo palestrino se mantém em contato com o início de sua trajetória, como explicou em relato emocionante ao UOL.

– Sempre que a temporada acaba, eu viajo para o Acre e vou até o campo onde eu me tornei goleiro. A história de que a grama não cresce onde o goleiro pisa pode até não ser verdade em uns poucos estádios de elite, mas ali no Acre era só terra, mesmo. Era muito, muito ruim. Eu me ralava muito. Chegava a jogar com três shorts para amortecer a queda.

– Mas era o que tinha, sabe? Ou eu fazia o melhor ali, ou não tinha o que fazer. Quando você é moleque, tudo é legal. Cair no chão é legal, saltar para o lado é legal, se jogar é legal… A verdade é que o treino de goleiro é divertido de se ver se você não é goleiro.

– Todo fim de ano eu volto àquele campo e treino nele. É verdade, você não leu errado: é naquele campo duro, onde eu me ralava inteiro e jogava com três shorts, que eu começo meu ano. A parte boa é que, como eu ia dizendo, dezembro é chuvoso no Acre. Lama é melhor que a terra dura.

– Talvez você esteja se perguntando por que eu faço isso. Se você estivesse lá, eu te responderia sujo de lama: é um mergulho na realidade. É sentir o que o futebol é para muita gente e o que eu vivo hoje é exceção. Eu não quero esquecer isso jamais.

O goleiro Weverton, da SE Palmeiras, comemora classificação para as semi finais em jogo contra a equipe do C Atlético Mineiro, durante partida válida pelas quartas de final, volta, da Copa Libertadores, na arena Allianz Parque. (Foto: Cesar Greco)

No relato, o goleiro também relembrou sua chegada ao Palmeiras, em 2018. Na época, o elenco contava com Fernando Prass, um dos maiores ídolos da história recente do clube, e Jailson, fundamental na campanha campeã brasileira em 2016. Com isso, Weverton tardou para receber oportunidades e precisou mudar sua rotina para ganhar espaço.

– Estávamos à beira da Copa do Mundo e eu pensei que se jogasse bem o Paulistão tinha uma chance de ser convocado. Mas, assim como no meu início lá no Corinthians, aconteceu tudo ao contrário. Eu não virei titular, não joguei. Pelo contrário, virei terceiro goleiro. Eu sabia que a situação era difícil com o Prass e o Jailson, jogadores tão identificados com a torcida que minha contratação não foi unanimidade. Os palmeirenses não viam necessidade de mais um goleiro.

– Claro que, como competidor, você fica chateado. Eu já tinha mais de 350 jogos na carreira, seis temporadas jogando. Mas eu não iria desistir. Eu precisava buscar meu espaço. Durante esse tempo, eu aproveitei para conhecer melhor o Palmeiras. Ali fora, você vê muito mais do que quando você está lá dentro. Vi o ambiente, entendi a exigência da torcida, o comportamento da arquibancada… Foi uma aula para quando chegasse a minha vez.

– Mas só a teoria não adiantaria não fosse um esforço na parte física também. No Palmeiras, eu precisei mudar algumas questões que pra mim não faziam diferença até aquele momento: questão de peso, de corpo de atleta, de me ver como atleta fisicamente.

– Depois daqueles jogos em que eu ia para o banco estudar o ambiente e não entrava em campo, eu chegava no hotel e ia para a academia. 1h30 da manhã e eu treinando. Era necessário. Paguei um preço alto para encontrar meu espaço no clube, mas uma hora chegou o tempo de aproveitar.

Apesar do início devagar, Weverton recebeu chances na equipe titular ao longo do Brasileirão, com a chegada de Felipão. O goleiro, então, assumiu a posição no 11 inicial e se firmou, demonstrando qualidade e segurança.

Desde então, o arqueiro se tornou unanimidade. Escolhido como o melhor do Brasileirão em 2018, 2020 e 2021, ele é um dos mais icônicos da história do Palmeiras. No total, são sete títulos nos Verdão – Libertadores (2020 e 2021), Copa do Brasil (2020), Brasileirão (2018), Paulistão (2020 e 2022) e Recopa Sul-Americana (2022).

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