Pouquíssimos palmeirenses tiveram o prazer de ver, in loco, o clube conquistar o Paulistão em cima do maior rival, dentro de sua casa, dando o troco naquele 08/04/2018, uma das derrotas mais sofridas nesta década para o Verdão.
Eu estava como torcedor no gol sul naquela tarde, bem atrás da baliza em que Cássio parou Dudu e Lucas Lima. 2 anos e 4 meses depois, tive o privilégio de acompanhar a revanche das cabines de imprensa. Privilégio meu, mas reflexo e merecimento de todo o trabalho que o Nosso Palestra vem fazendo na cobertura diária do Palmeiras.
Não estava lá por mim, estava lá por nós.
É difícil tentar explicar em palavras o que eu vivi neste último sábado. Era muito mais do que um jogo em disputa. A possibilidade de ter que relatar mais um vicecampeonato para o rival dentro do Allianz Parque tirava o meu sono. Será que nunca iríamos relatar um título em cima deles?
O peso de 26 anos sem gritar é campeão diante do Corinthians era algo incômodo para uma legião de novos palmeirenses.
Cheguei no estádio uma hora e meia antes da bola rolar. Máscara no rosto, álcool em gel do lado do notebook e começa a nossa cobertura neste novo normal.
Tudo era muito estranho. Tudo era muito vazio.
Mas o mais inacreditável ainda estava por vir. O gol de Luiz Adriano veio logo no inicio do segundo tempo, após o belo cruzamento de Viña, e confesso que foi impossível não comemorar na área de imprensa. Uma comemoração tímida. Um grito que ficou intalado. Profissionalismo em primeiro lugar.
O Palmeiras foi controlando bem o resultado. Felipe Melo e Gustavo Gómez se agigantavam na defesa. O gol de Weverton quase nem era atacado. E meu texto já estava ficando pronto.
Quando o 4º árbitro subiu a placa de cinco minutos de acréscimo, escrevi a última linha do texto que subiría na home do Nosso Palestra assim que Luiz Flávio apitasse o final do jogo. Agora era só esperar.
No momento em que Gómez fez o pênalti em Jô, a única coisa que veio na minha mente foi: ‘que injustiça!’.
‘Não. Não é possível. De novo? O Palmeiras não merece esse vicecampeonato. O Nosso Palestra não merece esse vicecampeonato. Eu disse para entrar de meias brancas, cazzo!’
Meu texto que estava pronto foi pro espaço. O filme de 2018 voltou como um raio na cabeça. O psicológico agora é todo deles. Mais uma vez.
Além de ver o Corinthians empatar o jogo, tive que mudar totalmente a parte final da narrativa da história. Luiz Adriano deixa de ser o nome da final, no seu lugar entra Weverton e Patrick de Paula.
Queria filmar o último pênalti, meu parceiro Leandro Boudakian, da Rádio Transamérica, não deixou.
Só deu tempo de gravar a comemoração e os fogos subindo pelo céu da Pompéia.
O fantasma está exorcizado. Nos altos falantes do novo Palestra Itália, meu grande amigo Marcos Costi gritava que a história estava refeita. E estava mesmo.
Subi o texto para o site, gravei um desabafo agradecendo todos os responsáveis e amigos que me ajudaram a estar lá, e não consegui fazer mais absolutamente nada.
A adrenalina só foi baixar lá pela madrugada. Só consegui dormir lá pelas 3 da manhã.
Ainda não acredito que estava lá.
08 do 08 de 2020 não sairá da minha memória nunca mais.
Grazie, Sociedade Esportiva Jornalismo. Se não fosse você…