Opinião

Em números: de onde vem a queda de intensidade do Palmeiras e como ajustar

Dificuldades impostas pelo calendário geram perda significativa de desempenho.

Em números: de onde vem a queda de intensidade do Palmeiras e como ajustar

Assunto diário no Palmeiras há algumas semanas, a condição física dos atletas está sendo mais debatida do que nunca após a vitória por 1 a 0 contra o Red Bull Bragantino, no domingo.

Na ocasião, o Verdão teve 41% de posse de bola, finalizou seis vezes — somente uma no gol — contra 21 arremates do adversário e venceu somente 29 duelos, 13 a menos que o Massa Bruta. Principalmente no segundo tempo, o Alviverde foi amplamente superado em intensidade, problema recorrente nos últimos jogos.

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Uma equipe intensa realiza suas ações com velocidade e precisão. Para tanto, os atletas precisam estar treinados e descansados. O Palmeiras não tem tempo para treinar, tampouco descansar e ainda passou por um surto de Covid-19.

O próprio Abel Ferreira já disse que seus treinos são por meio de vídeos ou com os jogadores parados no campo, apenas simulando posicionamentos. Se o treinador não consegue exercitar seus conceitos no gramado e as pernas do elenco não estão frescas para pressionar a bola, chegar firme nas divididas e movimentar para criar linhas de passe, é impossível não sofrer.

Nos primeiros nove jogo sob o comando do português, o Verdão totalizou uma média de 55.22 duelos ganhos por partida, 19.1 desarmes e 11.6 interceptações. Entre esses confrontos, está o encontro com o Goiás, quando o Palmeiras venceu 60 duelos, mesmo jogando com um a menos desde o primeiro tempo, mais que o dobro das 29 disputas de bola vencidas contra o Bragantino no domingo passado. Já contra o Delfín, no Equador, foram impressionantes 84 duelos vencidos.

Nas sete partidas subsequentes, a partir do empate em 2 a 2 contra o Santos, o Alviverde apresentou uma queda de desempenho e perdeu muita intensidade em campo. Vimos uma equipe perdendo a bola com maior facilidade e sendo encurralada pelo Peixe, Libertad e Bragantino. Além disso, Bahia, América-MG e o próprio time paraguaio vieram ao Allianz Parque e criaram chances de muito perigo.

Nestes sete jogos, a média palestrina é de 50 duelos ganhos, 13.4 desarmes e 10.7 interceptações. Esses números são consequência da falta de pressão ao portador da bola e da dificuldade em acompanhar as movimentações dos adversários. Em linhas gerais, o Palmeiras deixa o oponente muito tranquilo para tomar decisões com a bola no pé e as jogadas de perigo acabam acontecendo.

A competência do Palmeiras por estar vivo em três competições está em choque com o calendário desumano da CBF — com consentimento dos clubes, não podemos esquecer. Qual será a estratégia da comissão técnica para inibir a queda de desempenho não sabemos, mas parece claro que os seis dias que separam a partida contra o América-MG, no dia 30 de dezembro, para o jogo contra o River Plate, no dia 5 de janeiro, serão fundamentais para a sequência da temporada. Será a janela para termos o mínimo de treino e descanso.