Opinião

Guilherme Paladino: Muita calma nessa hora, Palmeiras

Não adianta agir com o coração no momento da alegria e depois reclamar que “todo ano é a mesma história, o time para de render depois de alguns meses”

Willian, Felipe Melo e Jailson estão em fim de contrato (Fotos: Cesar Greco/Palmeiras)
Willian, Felipe Melo e Jailson estão em fim de contrato (Fotos: Cesar Greco/Palmeiras)

Leia a coluna de Guilherme Paladino para o Nosso Palestra: Muita calma nessa hora, Palmeiras

O Palmeiras conquistou duas importantes vitórias nos dois últimos jogos do Brasileirão, com boas participações de Jailson, Willian Bigode e Felipe Melo, que ganharam espaço devido às ausências de outros atletas, convocados e lesionados.

Os três são jogadores que, em diferentes momentos, já provaram que podem ser úteis e, na atualidade, continuam mostrando que “dão um caldo” no futebol brasileiro, ainda mais dentro de um dos times mais competitivos do país. Contudo, é preciso ter muita calma para avaliar a renovação contratual do trio.

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A vida é feita de ciclos. E, para que novos possam surgir, outros precisam ser fechados. Que clube de alto rendimento no mundo conta com atletas de 34, 37 e 39 anos como reservas imediatos (e, muitas vezes, titulares)? Isso sem contar que, no fim de 2022, eles estarão com 36, 39 e 41 anos, visto que nenhum fez aniversário ainda em 2021.

É óbvio que cada caso é um caso. Por exemplo, o mais novo entre os três, Willian, ainda justifica em números (é, junto de Rony, o artilheiro da temporada) e em idade uma possível renovação; Além disso, ele não demonstra se incomodar com o banco. Mesmo assim, isso precisa ser calculado: não existem opções mais jovens no mercado, com mais vigor físico, polivalência e potencial de revenda? Um clube de futebol profissional precisa pensar em todas as variáveis.

O jogador Willian, da SE Palmeiras, comemora seu gol contra a equipe do América FC, durante partida válida pela quinta rodada, do Campeonato Brasileiro, Série A, na arena Allianz Parque. (Foto: Cesar Greco)

O que não pode acontecer é abandonar a racionalidade e virar a Sociedade Esportiva Gratidão, como aconteceu em 2019. É necessário analisar além dos jogos contra Juventude e América-MG, pois também haverá embates contra o Flamengo, River Plate, São Paulo, Atlético-MG, Boca Júniors, etc. Não adianta agir com o coração no momento da alegria, caso algum título seja conquistado ainda em 2021, e depois reclamar que “todo ano é a mesma história, o time para de render depois de alguns meses”. Afinal, não adianta esperar por um resultado diferente quando sempre se age da mesma forma.

Os melhores exemplos possíveis do que quero dizer foram dados por alguns dos principais clubes do mundo neste fim de temporada europeia, quando Manchester City, Real Madrid e Juventus se despediram respectivamente de Sergio Aguero (33 anos), Sergio Ramos (35 anos) e Gianluigi Buffon (42 anos), grandes ídolos de suas histórias. Chega uma hora em que as ambições do clube se tornam incompatíveis com o que determinados jogadores podem oferecer no geral, sejam quem forem.

Todo atleta contratado ocupa espaço na folha salarial e no elenco, que não é ilimitado. A presença de uns necessariamente significa a ausência de outros. E, nesse contexto, até que ponto é viável manter o contrato de um volante de 38 anos, cujo salário não é dos mais baixos e que não tem mais pique para marcar pressão no campo de ataque e recompor a defesa repetidas vezes na semana? O futebol apresenta atletas sul-americanos mais novos, da mesma posição, que podem custar até mais barato e que ainda podem render um dinheiro ao clube no futuro.

É possível apresentar bons argumentos que justifiquem tanto a renovação quanto a não-renovação (com uma tendência racional maior para a segunda opção). Seja o que for resolvido pela diretoria e comissão técnica, também é fundamental que o respeito seja mantido, acima de tudo. Ninguém quer que estes atletas, que já entraram para a história, saiam ‘chutados’ da instituição. E, caso fiquem, que seja por uma avaliação técnica, com indicadores sólidos de que o que está sendo feito vai de acordo com o planejamento da comissão e da diretoria.

Por isso tudo, apesar do ‘bom’ momento recente e da chance de conquistar algum título até o fim do ano, muita calma nessa hora, Palmeiras.

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