Liguei o celular quando pousei em Guayaquil, depois de 17 horas de viagem. Eram 23h06, horário de Porto Alegre. Chequei os placares no app: Inter 0 x 1 Ceará, Corinthians 0 x 1 Fluminense…
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– PQP! Não pode. Não é a hora! Hoje, não!!!
Vários torcedores do Flamengo me cercam quando coloco as imagens do Globoplay, ainda dentro do avião, do jogo no Beira-Rio. Um deles me pergunta:
– Você prefere ser campeão aqui no Equador ou jogando em São Paulo?
Sou bastardo da fila. Passei 16 anos sem ganhar nada. Odeio soberba. Cantar vitória antes não é nosso. Quero ser o que seremos. E o que ninguém é mais do que a gente, desde 1959. A primeira vez também foi contra o Fortaleza, em 1960. Mas não sei se será contra o ótimo time do Vojvoda, em Finados. Mesmo em casa. E ainda mais sendo o Palmeiras…
Pensei nisso tudo antes de responder:
– Quero ser campeão. Em campo ou não. No Allianz ou dentro do avião.
Fato. Não só pelo que não vivi de 1976 a 1993. Mas pelo sobrevivi no BR-14. Todo tiro de meta do adversário que não acabasse dentro da meta do pior Palmeiras que vi era um alívio. Aquele time me ensinou a sofrer mais do que 90 minutos. O que viesse seria lucro. E que lucro, com juros e correção futebolística, desde 2015.
Para mim, podia ser campeão a qualquer hora.
Mas quando o Inter virou, fiquei feliz. Deve ser na semana que vem. Em casa!
Mas e se der a zica das zicas? A parmerada das palmeiradas? Só o Palmeiras pode perder um campeonato assim! Mas não esse do Abel. Esse não. Ele, não. Mesmo!
João Ricardo, goleiro do Ceara foi pra área colorada aos 51. E eu ainda no avião celebrando a bola que não entrou. Comemorando o gol que não saiu que, se saísse, daria no título brasileiro do Palmeiras. Mais um. E eu meio que torcendo para não ser campeão naquele momento, Fora do Brasil onde quem tem mais tem 10.
Ainda.
No futuro, talvez isso seja absurdo. Prepotente. Metido. Como o meu pai meio que foi em 18 de agosto de 1976, quando não fomos comer pizza depois da vitória do título estadual. “Não, Mauro. Hoje não vamos na pizzaria. Mas não se preocupe. Ano sim, ano não, o Verdão é campeão”.
1977 foi ano “não”. 1978 foi vice brasileiro. Não. 1979 teve o timaço do Telê prejudicado pela mesa virada. Não. 1980 teve a pior campanha no Paulistão. Não. 1981 teve Taça de Prata. Não. 1982 teve mais uma de Prata. 1983… Até 12 de junho de 1993 só foi não.
Sim. Quero ser mais uma vez. Não vou cantar vitória e nem contar título antes. Está tudo bem encaminhado também por esse time saber fazer a hora e ganhar de quem se perde pela boca, Não pela bola. Palmeiras está mesmo em outro patamar.
Mas o coração não pensa. Ainda bem. Por isso ele torceu contra o Ceará para não dar o título antecipado. Por isso ele quer o palmeirense por perto – ainda que pagando absurdamente mais caro contra o Fortaleza. Por isso ele quer abraçar a família e os amigos de verde se tudo der certo em casa.
Na hora certa, No lugar certo. Com quem mais acerta.
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