Está a quarta (e prometo ser a última) coluna em 2024 que me dedico a dizer: Luis Guilherme é meia, e não ponta. Autor do gol do Palmeiras na virada heroica sobre o Independiente del Valle-EQU na última quarta-feira (24), o jovem entrou na segunda etapa centralizado, na faixa de campo ocupada por Raphael Veiga, se provou como meia central e, por isso, não irei mais bater nesta tecla.
O gol contra o o Independiente de Valle, inclusive, foi o primeiro do atleta com a camisa do Palmeiras, mas não foi a primeira demostração de que atua mais leve e com mais qualidade quando não está espetado nas laterais. Embora tenha atuado muito mais como ponta direita nas oportunidades que teve com Abel Ferreira, o camisa 31 já havia feito boa aparição na estreia contra o San Lorenzo-ARG, quando, não coincidentemente, substituiu Raphael Veiga.
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Na estreia da competição continental, em Buenos Aires, o jovem de 18 anos atuou centralizado e, consequentemente, deixou a ponta direita do ataque palestrino. Na ocasião, em 30 minutos dentro de campo, foram 19 ações com bola e foi participativo ao completar 13 passes, além de uma bola longa e três duelos ganhos. O jogador ajudou a articular a defesa com o ataque e deu consistência ao time.
O oposto foi vivido contra o Liverpool, na segunda rodada da Libertadores, no Allianz Parque. Atuando aberto pela direita e não mais como meia centralizado, o camisa 31 teve 29 ações com bola contra os uruguaios em 45 minutos em campo, mas compeltou apenas nove passes e não deu nenhuma finalização – em contrapartida, deu dois dribles. Mais uma vez, o baixo desempenho foi culpa da insistencia em improvisar o meia como ponta.
E o próprio Abel Ferreira parece ter consiência disso. Na coletiva de imprensa em Quito, após a vittória sobre o Independiente Del Valle, o treinador revelou que o autor do goljá pediu para jogar mais centralizado, como substituto de Veiga. Em entrevista em 2023, o português já havia afirmado que o jovem deveria atuar na faixa cetrnal.
– Ele já me disse que gosta de jogar na posição do Veiga. Eu fico feliz por eles porque eles trabalham muito – afirmou Abel nesta quarta-feira (24).
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O canhoto é um camisa 10 dos clássicos e vem sendo utilizado de maneira equivocada por Abel Ferreira como ponta-direita da equipe durante 2024. É fato que versatilidade em campo é um ponto primordial das categorias de base do Palmeiras e o jovem já atuou nesta função nas categorias de base, mas é crucial analisar onde ele desempenha seu melhor futebol. Ao longo de sua carreira no Sub-17 e Sub-20, Luis Guilherme brilhou como meio-campista central, e se destacou pela visão de jogo, capacidade de distribuir passes e chute de média e longa distância.
No entanto, sob o comando de Abel Ferreira, tem sido quase exclusividade ver o jovem atuando como ponta, uma posição na qual a influência do seu jogo parece diminuída. O Palmeiras deveria pensar em Luis como o reserva natural de Raphael Veiga, desempenhando esse papel de ‘maestro’. Nessa posição, o camisa 31 tem espaço para exercer sua criatividade e habilidade técnica, contribuindo de maneira mais efetiva para o funcionamento ofensivo.
Quando desloca o jovem para a ponta-direita, Abel Ferreira parece não aproveitar ao máximo o potencial do jovem. Suas características naturais se encaixam melhor na função de meio-campista central, onde pode ditar o ritmo do jogo e criar oportunidades para os companheiros.
Jogar como ponta não faz parte da formação original de Luis Guilherme. Ele é um jogador que se destacou e conquistou seu espaço como meio-campista central. Nas vezes em que atuou como ponta nas categorias de base, realizou de maneira pontual, com o encaixe apropriado para algum contexto especÍfico – na Copa São Paulo de Futebol Júnior de 2022, Luis entrou como ponta-esquerda em duas oportunidades com Jhon Jhon centralizado, por exemplo. Respeitar sua história e sua formação nas categorias de base é fundamental para extrair o melhor dele como jogador.