Opinião

Pais, padrinhos, padrastos, mães que são pais: o nosso carinho a todos vocês

Para celebrar memórias e entender que pai é transmitir amor. Que ser torcedor é ceder pelo coração do outro. É tudo sobre dividir, viver e compartilhar

Letícia e sua família palmeirense (Foto: Reprodução)
Letícia e sua família palmeirense (Foto: Reprodução)

Pietro, sempre trabalhando até tarde sem ver os jogos nos meio de semana, não deixa de fazer aquele churrasco na laje com a camisa do Parmera, cornetando a todos, menos São Marcos, que ele ama. Silvia Gobbo, mãe do Murilo, que tinha apenas 4 anos quando seu tio quis dar-lhe de presente um uniforme do São Paulo, mas que ouviu: “Nessa casa só tem palmeirense, se você quiser o presente vai morar com seu tio”. A primeira figura na vida de um torcedor é quem lhe deu a vida. E eles serão homenageados nestas linhas.

Thiago, por exemplo, ergueu, ao lado do pai, o estádio Mané Garrincha e viu o time viver dores e delícias no concreto que eles levantaram a duras penas. O Fernando, pai da Dorotéia, foi quem a levou pro antigo Palestra Itália, um dos dias mais felizes da vida dela. O Sêo Vicente, tio do Lucas, não deixou que a influência paterna o fizesse arquirrival. O Gianni, tio do Marcelo, ensinou a ele que futebol era bom demais e que só se poderia amar as cores do Verdão. Ele nunca mais esqueceu.

Já o Danilo, que me deu a honra de conhecer sua história, escreveu algo tão bonito que prefiro deixá-lo contar a vocês:

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“Perdi meu pai, que era palmeirense, quando tinha 3 anos de idade. Parte de minha infância cheguei até torcer para o Corinthians, mas quando soube que meu pai era palmeirense, isso mudou totalmente. Passei não apenas a torcer, mas amar o Palmeiras, e quanto mais os dias passam esse amor aumenta. E como falei muitas vezes a meus familiares e pessoas próximas, através do Palmeiras é que sinto mais forte a presença de meu Pai, a cada jogo, gol, derrota, vitória. Vivo o Palmeiras de forma intensa, mesmo estando longe. Ser palmeirense e sentir meu pai mais perto de mim. Obrigado, Evaldo, meu pai”

O Gilberto Lima era da mesma área que eu, jornalista esportivo. Reportou por 20 anos, mas deixou no filho o seu maior legado: o Palmeiras. O Pedro carrega o mesmo nome do pai e, por mais que os tios tentassem mudar o caminho dele, ainda menino, o pai não permitiu e o verde tomou conta dessa história O Jonas, pai do João, é rival e sua irritação em 93 fez o filho ter certeza que o Palmeiras era enorme. O Matheus não teve o pai sempre por perto, mas o Palmeiras é o assunto que reaproximou esses dois apaixonados. O Pedro se emociona ao lembrar da celebração com o pai, em 99, na conquista da América.

O Aldo, pai do Marcelo, o Hélio, padrinho do Luiz, contador de boas histórias das Academias, o Jair era santista, mas admirava o Verdão de Ademir e deu a benção pra paixão do filho. O Fernando aprendeu sobre o Alviverde com o pai, que conheceu pelo avô, que também ensinou ao sobrinho, uma família toda com o legado em mãos. A mãe do Giorgio ouvia jogos do Palmeiras no radinho por medo de ser julgada, mas jogava bola com o filho quando ninguém poderia atendê-lo. O Luís Ricardo via o filho de vez em quando podia, mas era sempre pra ver um jogo do Palmeiras, dono do coração de ambos.

Diego é Parmera, mas o pai não gosta muito, não. O irmão do Wellington é o responsável pelo coração verde dele. O Higor e o João já pegaram 14 horas de busão pelo Palestra. Dona Consuelo não liga pra futebol, mas sabe que quando o Palmeiras ganha, o Gabriel fica feliz. O pai do Thales é vascaíno, mas não segurou o verde longe do filho. O Luizão é o maior palmeirense do mundo, pelo menos pro Luiz, que aprendeu tudo com o pai. Álvaro e Valdemir foram juntos a apenas um jogo do Palmeiras, mas um dia especial – eles viram o Verdão ser Campeão Paulista, em 2008. O Claudinei e o Anderson quebraram o sofá de casa no gol do Breno Lopes, algo comum, sabemos.

Sêo Osvaldo e sua família

Alexandre carregou Gabriel no colo em 99, mas foi carregado pelo filho, em 2020. Sêo Roberto levava as revistas Placar pro filho, que passou a amar o Palestra. A Lê tem o Palmeiras no trabalho, no coração do pai e do avô. Três gerações de amor incondicional. Lucas e Hilário tiveram seu último dia de Palmeiras numa noite gloriosa de São Marcos, em 2009. Lampião insistiu e fez o Bruno aprender o hino do Verdão. Alexandre aprendeu a amar o Alviverde com o irmão. O pai era torcedor do rival, faleceu um ano antes do melhor da vida do time dele, mas ao longo da vida, viu os jogos do Palmeiras com o filho e nunca reclamou da escolha Verde ele. O amor sempre foi maior que a rivalidade.

O Sêo Djalma quase perdeu pra Covid-19, mas venceu a batalha quando Luiz Adriano balançou as redes de Itaquera. A Laura ia com o Mané aos jogos do Palmeiras desde muito cedo, mesmo com o Verdão em crise. O Laudelino não era palmeirense, mas sofreu com o River e se emocionou com o Breno, tudo pela alegria do filho. O Jaime era tão Parmera que não via os gols pra não correr riscos de um infarto, ele amava demais. O meu me levou pro Palestra Itália lotado pra ver o gol de Pedrinho contra o Paysandu. Eu tentava dormir naquela noite e ecoava nos meus ouvidos o barulho da torcida. Eu nunca mais deixei de amar o Palmeiras.

Por todos que cá estão, os que não vivem mais na terra, mas que cuidam da Giu e da Laís, do Murilo, do Pedro, do Junior e do João. O pai do Mauro, a mãe da Júlia, o padrinho da Carol. Eles que eram palmeirenses, rivais, indiferentes ao futebol, mas loucamente apaixonados pelos entes queridos, por todos vocês, esse texto foi escrito. Para celebrar memórias e entender que pai é transmitir amor. Que ser torcedor é ceder pelo coração do outro. É tudo sobre dividir, viver e compartilhar.

Um feliz, lindo, e abençoado Dia dos Pais pra todos. No céu e na Terra.

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