Eu gritei com você quando o Léo Lima chutou de longe. Quando o Valdivia tocou já sem goleiro. Quando ele fintou o time inteiro e bateu de longe Vibrei com você quando Alex Mineiro cansou de estufar a rede da Ponte Preta.
Gritei campeão com você. Cansei de ser campeão com você. De chorar com você. De confiar em você.
Fiz isso desde 1993, quando não tinha tempo de vida para saber o que era confiar em alguém. Mesmo assim, Vanderlei, eu acreditava em você. Porque foi você quem devolveu o sorriso para o meu pai. Que fez ele abraçar o meu avô. Fez o nosso alviverde inteiro sair da fila.
Fez 11 jogadores parecerem 102 em 1996.
Eu estou aqui por duas coisas: para te agradecer e te pedir desculpas.
Desculpa porque queria sua saída desde que você recuou o time todo para ganhar só de um a zero do Corinthians. E acabou tomando o empate e quase sofrendo a derrota nos pênaltis.
Desculpa porque não enxergava em você o mesmo Luxemburgo de antes.
O Luxemburgo de antes era ofensivo. Não tinha medo de nenhum adversário. Partia para cima fosse quem fosse o oponente.
Mas esse Vanderlei deu lugar a outro completamente diferente.
Um técnico que parecia não ter alternativa. Não ter fome de vitória. Treinador de resultado magro. De poucas jogadas ensaiadas. De escalações bem questionáveis.
Desculpa por talvez ter sido ingrato. Mas tenho certeza que vai me entender.
Poucos me entenderam como você. Você que humilhou o Boca. Que goleou o Corinthians. Que superou o São Paulo do Telê.
Você que devolveu o sorriso ao rosto da minha família. E que me fez feliz em 2008.
Foi aqui no Nosso Palestra que sua saída foi noticiada em primeira mão.
Mas você continua. Você está na história.
Ninguém é digno de aposentar ninguém. Muito pelo contrário. Eu espero que você volte a enxergar o futebol como antes. E que volte um dia.
Volte diferente de hoje.
Igual a ontem.
Que você reencontre a vontade de vencer e esqueça o medo constante de perder.
Há tempo.
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