Talvez eu escolha desconsiderar a parte ruim sempre que lembro de você. Em especial agora, que é apenas memória. Por que lembrar de todas as vezes que você faltou, se posso ficar com aquelas que você esteve? Essas não se apagam. Em cada toque mágico, em cada lance que só você sabia fazer.
É injusto comparar-te aos personagens de agora. São, sim, mais comprometidos com o time. São, sim, mais eficientes. São, sim, mais vencedores. Mas são, porque são em conjunto. E você teve de ser sozinho. Em uma “equipe fudida”, como bem descreveu.
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Fato é que também faltou de sua parte. E não faltou avisos de todas as partes. Queríamos e podíamos te ter mais inteiro. Mas em certos momentos você não pôde, nem quis. Em outros, foi além do que podia para ter o que queria. Como quando jogou medicado para salvar o Palmeiras de uma doença terminal.
Saiu no prelúdio de uma década vencedora. Depois de passar pelos mais difíceis momentos ao nosso lado e, às vezes, até dificultá-los. Foi perfeito em sua despedida: “Obrigado e desculpa”. A recíproca é verdadeira. Temos muito o que agradecer e, talvez, um pouco do que se desculpar. Você merecia um time melhor.
Mas, nós, de fora do campo e longe dos bastidores, só pudemos torcer. E isso, em momento algum, deixou de acontecer. Parte da torcida, inclusive, torceu até não poder mais. Pediu sua volta, por pura nostalgia, mesmo sabendo que aqui não era mais o seu lugar. Sempre foi aqui, mas nunca foi assim.
Queríamos uma “last dance” de um baile que não chegou a acontecer. É possível que você faltasse ao evento como muitas vezes fez. Mas, se estivesse presente, sem dúvidas eu pararia a festa para te assistir. O que você fez com a bola, eu não vi mais ninguém fazer. O que você fez comigo, eu sei que ninguém mais vai fazer.
Moldou-se como ídolo errático de uma geração que não tinha mais a quem recorrer. Era referência de talento, em meio a um mar de mediocridade. Iluminava a escuridão de um Palmeiras sem brilho. Era divertido te ter. Alimentar uma esperança, que, a qualquer momento, podia ir embora contigo. E, por isso, sou grato. Apesar da dor de cabeça, sou grato.
Mil vezes repetiria cenários melancólicos pelos quais passamos apenas para te ver em campo. Você, mago, me enfeitiçou. Não há feitiço maior que o fascínio. Em especial o fascínio por aquilo que você sabe que só encontrará ali. Te encontrei e te perdi. Você não pôde voltar quando pedimos. Mas, agora, para a eternidade está aqui.
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