A mesma praça, o mesmo banco, a prévia de um pesadelo espetacular

Foi lá contra essa mesma Ferroviária que o ineditismo assombroso de parar o futebol deu seu aviso. O Palmeiras não vinha mal, fazia um campeonato justo e tinha lá seus motivos pra sonhar alto. A camisa, o 7 e umas preces. Pararíamos por um tempo que não sabíamos qual era. Era como pisar no inferno sem corda pra subir de volta.

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Era o caos. Sem grana. Sem bola. Só tinha a praça.

O lapso temporal que supera 12 meses só é possível ser vencido em duas linhas porque esse aqui é um texto sobre sonhos. E porque sonhos não se explicam, em sua imensa maioria. Eles até perdem o charme quando são detalhados à exaustão. Não seremos cruéis a tal ponto. Recomendamos, apenas, que feche os olhos por uns segundos antes de prosseguir na leitura.

Falamos sobre essas imagens que você acaba de lembrar.

Quem diria. Quem poderia prever. Talvez um tuiteiro em busca do hit impossível. Ele até chutou como fez Rony, no cruzamento, mas ele não tinha tanta certeza assim que ela cairia na cabeça de Breno. Desejou, certamente, mas não estava convicto que seria tão espetacular. Nem nós, nem vocês, nem as almas lá de baixo. Isso é coisa de céu e de fé.

Na mesma praça, no mesmo banco, quase que com as mesma flores, mas no jardim antigamente suspenso, o Verdão encerra um ciclo. A temporada que nunca acabou, a conquista que se amontoou nas irmãs. Gêmeas. Siamesas. Nem deu tempo pra comemorar ébrio na esquina mais linda do nosso mundo. Nem cantamos que o Tetra está aqui. Fizemos pouco. Ganhamos tudo.

Uma tristeza que perdura é a distância. Superará tantas vezes nos bons sentimentos, mais aguda noutros como hoje. Dia de fazer festa, dia fazer algazarra com a família que o sangue, o verde, emprestou pra nós. Faz falta. Hoje é como chegar ao céu depois de ver o inferno. Saber que de lá tanta gente querida celebrou, mesmo querendo estar aqui. Que quase fomos pra lá de tanta ansiedade e tensão.

Valeu a pena, não?

Não é só um domingo. Ainda é o mesmo mundo. Prestes a pararmos, de novo. Que seja um ótimo presságio para novos sonhos espetaculares. Mesmo numa realidade completamente infernal.

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