A unanimidade é burra, o torcedor não

Quem pensa com a unanimidade não precisa pensar. Nelson Rodrigues nasceu no Recife e se criou no Rio. Escreveu romance, romantizou o futebol, criticou o teatro e a teatralizou o texto.

Entre suas lições, lançou luz sobre o entendimento geral, a bala de prata da comunicação. Ela é burra. Ela não explica. Ela desinforma. E ela subestima.

Jornalismo era sua área. Informou como poucos, mas foi hors concours em democratizar seu conhecimento. Falava de diversas formas e com mil sabores, se fazia entender e partia do pressuposto que seu leitor tinha repertório pra captar a mensagem.

O mundo moderno é arrogante, é irritadiço e nada complacente. Informar é .40 carregada com mira de longo alcance. Opinar, então, é jurisprudência pra intolerância.

Não concorda? Cancelado. Torcedor? Dizem que são massa de manobra e que agem pela emoção. Mal sabem que eles estudam, amam e querem muito mais do que um diploma.

Contratação por modismo ou crítica por verborragia, me pergunto. Nacionalidade como qualidade, não, mas desqualificação por xenofobia. Por preguiça. Desconhecer um profissional não é um pecado, mas zombar de quem conhece é desonestidade.

O torcedor revira bibliografias, assiste todo e qualquer vídeo que encontrar. Traduz quando não puder compreender. Chama o amigo do primo do irmão pra tirar uma informação. Ele pode até não ser o rei dos meios, mas ele sabe o fim.

A unanimidade é burra. E muito triste.