Notei que hoje é um dia 3 de abril. E essa não é qualquer data.
Foi em uma noite de Libertadores. Era o Rosário Central, num infernal estádio argentino. Abençoado, o menino se mostrou maior do que uma pequena promessa que estreava em um chuvoso e mórbido sábado de São Paulo. Tão jovem e já com a maldição do Bragantino: “só joga contra o Bragahahahaha”. Sabemos como aconteceu e como imaginaram que aconteceria.
Brilhou no mais difícil palco nacional. Esse tal de Palmeiras não é simples, não é carinhoso com seus promissores, não sustenta as variações enormes dessa idade minúscula. O clube mais potente do país, o clube que, durante anos, foi o mais propenso a não ver uma joia. Naquela época, tinha que ser muito foda pra sobreviver numa selva de feras, de renomes, de caras longevos e já cascudos. Tinha que ser muito acima da média na bola e na capacidade de ser Palmeiras.
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Dia em que nascem craques e que desafios são superados.
Jesus foi mais porque foi comum, perdeu duzentos e trinta e sete gols fáceis contra times fácies, fez o gol mais improvável, difícil e importante para marretar nariz adentro um cheirinho muito desagradável que tentou urubuzar nosso 2016. Gabriel é tudo o que um dos nossos teria de ser. Desconfia de quase tudo, reclama de tudo e mais um pouco e pouco a pouco mostrou ser tudo em todos os momentos. É irritado, intenso, emocionado. Um Palmeiras que viveu a canonização.
Divino ainda é um só e que faz primavera nova nessa mesma data. Uma passagem de bastão entre o que foi o máximo que alguém pode ser e outro que fez o que pôde e agora busca completar a rota em outra banda. Sinal dos tempos, coincidências nada despropositadas. Ou vocês seriam inocentes de imaginar que o Deus verde do futebol faria essa data tão nossa por besteira? É coisa de Palmeiras, de família reunida, de casa cheia, de festa, de ídolos, desafios e xodós. Junto, nosso.
Dia de festa lá. E cá, acreditemos, também.
Menino, parabéns. Vença na Inglaterra por nós, aos sábados. Torça por nós, aos domingos. Torceremos muito por você, sempre. Volte pra casa quando puder. Divino, seja nosso talismã, mais uma vez, e obrigado por tantos anos renascendo mais alviverde. O maior de todos. Aos dois, nosso carinho, nosso afeto e nosso desejo que existam muitos 3 de Abril para comemorar e celebrar o lado verde da vida.
Lado que tomou conta do Brasil, da América, do Estado. Que tomou pra si os nossos corações que estão cheios, completos e afagados. Cheio de grandes e lindas memórias. Não à toa, num 3 de Abril, Prass parou o pênalti, celebrou com o Tobogã do Pacaembu e, ainda em festa, assistiu Cássio procurar Dudu que voou para colocar a redonda no cantinho das redes macias do municipal. Nunca foi acaso.
Hoje, mais um 3 de abril. Mais um dia difícil, mais um dia que é preciso ser mais Palmeiras do que qualquer outra coisa. Que é preciso ter Jesus e Ademir em cada Rony e Dudu. Hoje é preciso acreditar no divino e no Divino, no terreno e no místico. Com toda fé que temos. Acreditando que nada é acaso. Que há um plano para um novo 3 de abril.
De algum lugar, alguém abençoa Jesus, Ademir e a vida do Palmeiras. Até o apito final. Até a vitória.
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