Artur Abramo: ‘Independiente de qualquer coisa: fica, Abel!’

Antes fossem as cornetas, trombetas de uma corte real, saudando Dom Abel Ferreira

Retumbante vitória do Palmeiras de Abel. Time que passa por maus bocados somente na cabeça de meia dúzia de desbocados. Pouco treino e muita bola. Assim como havia sido no Peru, mesmo com as trapalhadas na segunda etapa. Não interessa se propõe ou não o jogo, o fato é que esse time ataca. Mais do que atacar, bate de frente com todas as adversidades postas no meio do caminho. 

Na hora da análise, esconde-se contexto para criticar. A crítica é feita a granel, e, como bala perdida, acerta quem estiver na frente. Seja o treinador recém multi-campeão, seja o zagueiro titular nas últimas taças do clube, seja um garoto de 19 anos com apenas 45 minutos de futebol profissional, seja um esquema de jogo poucas vezes utilizado. A única regra é: corneta! 

Conheça o canal do Nosso Palestra no Youtube! Clique aqui.
Siga o Nosso Palestra no Twitter e no Instagram / Ouça o NPCast!

Antes fossem as cornetas, trombetas de uma corte real. Saudando Dom Abel Ferreira. O português que conquistou a América – sem precisar cometer um genocídio – em menos de três meses de Palmeiras. Bastou uma dose de palavras convincentes e muita vontade de vencer.  Na realidade, foi necessário muito mais. Foi necessário recuperar uma temporada sem rumo, colocar nos trilhos um trem sem direção e, acima de tudo, convencer a todos os passageiros que o novo maquinista sabia como e onde queria chegar.

Chegou e foi além. Mesmo com combustível escasso, reabasteceu como lhe permitiram e tocou viagem até a máquina não aguentar mais. Não deu no Mundial, nem na Recopa, nem na Supercopa. O que deu foi para vencer, por 3 a 0, o melhor time das Américas em sua casa. Deu também pra golear o maior rival por 4. Foi difícil, mas deu pra alcançar a Glória Eterna. Por fim, deu até pra pintar o Brasil de verde outra vez.

Imaginem se tivesse mais que isso. Se junto do pacote de títulos e vitórias, viesse um treinador que entende o que é ser Palmeiras. Um sujeito que estudasse a história do clube para trabalhar onde vestiria as cores alviverdes. Alguém que defendesse a instituição com unhas e dentes frente ao abuso das confederações. Um homem que, mesmo sem saber, já era palmeirense. 

Golear é pouco para quem já fez e faz tudo isso. Com tempo, fará mais. Porque tudo que ele quer é vencer. Vencer contra tudo e contra todos, já que todos somos um. Ele também quer poder trabalhar em paz. Em meio a esse inferno de calendário, a nossa torcida não pode ser mais um a mandá-lo ao purgatório. Precisamos impedir que este gajo sequer pense em (des)cruzar o Atlântico. 

Abel Ferreira resgatou tudo que há de mais Palmeiras no Palmeiras e no palmeirense. Ele que conquistou não apenas títulos, senão corações verdes e brancos. Daqueles que estavam perdendo sua fé em sua própria religião. O credo em um time vencedor não é obra do acaso, tem nome e sobrenome. Deve ser respeitado e valorizado quem o coroou. 

Sabemos que a maioria está com Abel. O que necessitamos é que ela engula a barulhenta minoria que atordoa o dia a dia do nosso português. Como deu aula o professor, sempre que tentarem manchar a nossa história, “pintamos de verde novamente”. E é de verde de verdade que Abel Ferreira precisa.

LEIA MAIS:
De Primo a Weverton, a história da centenária Academia de Goleiros do Palmeiras
Base do Palmeiras se reforça com coordenador de goleiros e treinador de habilidades individuais
JG Falcade: ‘Estamos enlouquecendo’